sábado, 21 de agosto de 2010

Poeira

Hoje passei o dia limpando. Limpando o chão, limpando a mente, limpando a alma. Corpo, voz e mente em mesma sintonia buscando por limpeza. Buscando não buscar nada mais do que algo de valor a se guardar e o resto a se jogar fora. Nem todo o resto, claro, porque sempre fica aquele probleminha mal resolvido que a gente jura que não liga mais, mas na verdade liga. Na verdade são estes pequenos probleminhas que seguram a gente no passado e nos impedem de seguir em frente. Decidi enfim que era hora de seguir em frente.

Com a cabeça na altura dos pés, ou seja, no chão, apoiado sobre um pano sujo e molhado com produtos de limpeza, percorri o chão de azulejo branco de minha casa. Quanto mais eu limpava o chão, mais o chão me limpava, então acabei por fazer aquilo com gosto, ao som de alguma música clássica ou alguma ópera, não me lembro. Lembro que tinha violoncelos. Por fim, estava deitado no chão limpo. O chão estava limpo, não eu. Pelo menos não por completo. O resto da minha limpeza, interna, veio depois, na casa de uma amiga.

Um violão, sorrisos e comida no fogo. Preparamos um doce de sobremesa e pronto, eu estava finalmente limpo. Aliás, estou limpo, acho que por completo agora. Claro que sempre fica aquele pensamento de que falta alguém ali, mas isso não é um problema. É só um pensamento. Um bom pensamento que me coloca um sorriso na cara em qualquer momento. Acho que quando este pensamento se concretizar ai sim, estarei pronto pra seguir em frente e manter sempre a minha casa limpa. Afinal, cansei dessa sujeira debaixo do tapete.

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