segunda-feira, 8 de junho de 2015

Folhas

Olho todos os dias pela janela

Logo na entrada da casa, 

                                          à esquerda.

Lá está ela, sempre à espera

A olhar fixamente um horizonte sem fim


Detenho um gesto no corredor.
Antes de girar a chave da porta e

.

Trancar para fora, o que é de fora

Deixar para dentro o que é dentro.

Ela sorri, como sempre faz essa hora,
(agora)

Eu não vejo,

Ou finjo que não, vejo,

Me sirvo d`um copo d`água e,

Bebo.

"O dia inteiro ela esperou que eu chegasse

Para sofrer com a próxima partida"

Tem sede, tem fome, tem calor

Precisa de uma gota de humanidade

Enquanto derruba suas pequenas folhas

À morte certa 
                                          do décimo 
                                                                        andar.

Ameaça se jogar em dias de chuva
Depois floresce a me fazer inveja

Eu que sou sempre poeta em outono

A derramar minhas folhas pelo chão da casa

Ofereço-a um beijo de misericórdia e

Dou-lhe a água que tanto esperava

Pra matar a sede de um novo dia

Pra enfrentar a noite que é sempre fria.