segunda-feira, 19 de abril de 2010

Guarda-chuva

Debruçado na janela do quarto, observava. Lá fora todas aquelas pessoas com seus pensamentos tão importantes zanzavam de um lado a outro falando em seus celulares e andando em seus automóveis. Daqui de cima, as via como formigas. Vulneráveis e famintas. Tão suscetíveis a qualquer bexiga d'água que as fizesse sorrir. Pensei em como tinha o poder de acabar com esta monotonia em que viviam, com uma simples bexiga amarela se espatifando no chão e jogando água para todos os lados. Depois uma outra verde, uma vermelha, uma azul e todas se espatifando e libertando de dentro delas a água e o riso encalhado das pessoas forminídeas - é assim que as chamo daqui de cima. Imaginei então a chuva de bexigas e as gotas que, na verdade, subiam ao serem libertas do ventre da borracha. Chovendo bexiga pra baixo, chovendo água pra cima. Que loucura, que caos. Que belo.

Vi nitidamente então as pessoas se escondendo debaixo de suas pastas com documentos importantíssimos, mas nem tão importantes quanto seus cabelos bem arrumados. Alguns entraram nos carros, outros correram para os comercios por ali, buscando abrigo e proteção contra o apocalipse de látex e água fresca.

Estas são as pessoas fominídeas que vejo todos os dias daqui de cima. Têm medo das cores e de água fresca. Preferem ternos pretos e coca-cola. Preferem os mesmos caminhos traçados e programados em seus gê-pê-esses. Preferem o trabalho à vida.

Daqui de cima fico eu, observando. Sozinho no privilégio de ser diferente, até me lembrar que amanha cedo tem aula, trabalho, louça pra lavar. Fecho a janela sem lançar uma única bexiga, entro neste blog e escrevo sobre isso. Mais tarde vou desligar o computador, ler um trecho de um livro qualquer, dormir e acordar cedo para programar o meu GPS e garantir que não perca nenhum compromisso. E anotarei num bilhete na geladeira assim: Leve um guarda-chuva, pode ser que chova bexigas.

domingo, 18 de abril de 2010

(D)esclarecimentos

Esses dias estava pensando sobre o modo como escrevo aqui no blog. Quase sempre coloco um texto viajado, cheio de palavras que as vezes nem eu sei o que significa, tentando traduzir um sentimento ou um momento que tive. Gosto bastante de escrever dessa forma, já que geralmente pra mim aquilo realmente traduz o que estou pensando. O problema - se for realmente um problema - é que alguém depois sempre pergunta: "que porra é aquela que você escreveu?".

Sempre que alguém me pergunta isso eu fico pensando se o que escrevo aqui no blog, já que é um espaço público, é pra mim ou para os outros. Vejo que ninguém nunca comenta nos meus textos, o que não acho ruim de fato, e torna o blog algo inteiramente voltado pra mim. Ou não? Talvez não, porque eu sei que mesmo sem comentar, algumas pessoas frequentam este meu humilde pedaço da internet. Pode ser também que as minhas diarréias mentais não tenham agradado a muitos no começo e agora estes nem frequentam mais o grande edgar como faziam antes, porque aqui só encontram bosta ou coisa de "zé droguinha" como diz um amigo.

De fato tem muita bosta, mas preciso me manifestar quanto a esse pensamento. Mais pra mim do que para os outros. Por que escrevo bosta? Por que tantas palavras jogadas para definir um momento ou sentimento? Não poderia simplesmente entrar aqui e escrever: "RAIVA.", "AMOR.", "ALEGRIA.", "TRISTEZA.". Enfim, deu pra entender? Por que não facilitar?

Raul Seixas parece já ter passado pelas mesmas dúvidas, julgando pela música "Eu quero mesmo", em que ele diz assim "Eu tinha medo de ver a beleza da simplicidade...". Não é mais ou menos isso? Pelo tanto de perguntas que já fiz a mim mesmo neste tópico creio que é exatamente isso: medo. Medo de ser conciso, medo de me entender melhor do que eu realmente quero, medo de perder o romantismo da vida que permite traduzir os sentidos em palavras desconexas. Afinal de contas já ficou claro que gosto disso mais do que escrever textos muito bem pensados e com parágrafos e frases bem definidas.

Enfim, não posso parar de escrever assim desse jeito, cheio de frases que não dizem porra nenhuma a ninguém a não ser pra mim. O grande edgar é uma espécie de alter ego meu, pelo visto. Espero que isso também não desagrade a quem le minhas loucuras, mas tento não escrever pensando em quem le, pra que assim eu possa escrever sem os embelezamentos liricos que agradam, mas sim com verdadeiramente com o que vem de mim, de la de dentro, mesmo que seja ruim. Pode ser também que isso um dia vire um grande sucesso. Que alguém descubra este blog e reuna a pequena parcela da população que pode gostar do que eu escrevo e publicar um livro com "os pensamentos profundos do grande edgar" ou algo assim. Sonhando demais? Vai saber. Ta cheio de livro escrito para o ego do autor por ai. Por que não mais esse?

Bom, chega de perguntas e pensamentos vazio. Cansei de escrever certinho. Vou viajar um pouco e volto na próxima com algum texto viajado e assassinando a lingua portuguesa. Sou péssimo em gramática caso não tenham notado. Até a próxima então.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

"..."

"...porque no final o importante é tirar as pessoas da inércia e levá-las à ter uma experiência quase transcendental. Um gozo imaterial de sensações e emoções. Uma dose de distânciamento e uma injeção, na medida, de si mesmos. Assim, podemos ter um pouco de cada um ao nosso redor dentro de nós mesmos e levar aqueles que amamos para sempre conosco, um pedaço que seja, como uma marca ou como uma cicatriz, que serve para nos lembrar sempre de que o passado realmente existiu."

domingo, 11 de abril de 2010

mimimi

O que resta de mim no dia de hoje é uma cabeça que pensa. O corpo liquefez -se no ensaio. Meu pé tem um buraco fudido que está doendo na alma. Meus olhos, às 18h, já indicam um sinal de farol baixo implorando por uma boa noite de sono. Mas cara, to feliz pra caralho!

Brinquei de twitter aqui mesmo, "mano"! nem ligo, tá ligado?

Issaê!