segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Ainda Sentados

E o pensamento permanece.

O mundo precisa de mudança.
Nós precisamos mudar.
Precisamos acreditar.
Precisamos.

Esse movimento, do dia 15 de outubro, alguém sabe aonde vai ser, aqui em São Carlos?

Eu quero participar.

Sem cabeça pra escrever algo diferente. Prefiro, hoje, bater nessa tecla da revolução, como bati forte nesse texto aqui em baixo. "Sentados", foi um desabafo que ainda não acabou. Ainda estou entalado com muitas coisas que vejo por ai. Tantas pessoas próximas sofrendo amargamente enquanto outros esbanjam saúde e indiferença. Eu não sou indiferente. Tenho saúde, quero ajudar e estou procurando por onde começar. Estou revendo minhas crenças e meus conflitos, preciso me resolver. Você não? Hoje li um texto sobre os Astecas e toda a revolução. Túpac Amaru, que inspiração. E o mundo está encardido, eu percebo. Não pra menos, dentro da universidade (a melhor da América Latina), hoje, tinha um ponto de coleta de brinquedos e outros 5 de festas. Advinha aonde foi todo mundo? Se pensou "doar brinquedos, claro", errou de longe. Eu mesmo não doei, mas não por falta de consideração ou por não me importar. Não tenho brinquedos aqui, mas pretendo arrumar alguns em breve, para colaborar com o movimento. O dinheiro que eu ia gastar na festa que estava vendendo ao lado, vai ser mais bem gasto com um humilde brinquedo que pode significar mais do que se imagina. Talvez não pra quem tenha tido tantos, mas sim para quem nunca os teve. Aliás, eu não gastaria o meu dinheiro com aquelas festas, sendo vendidas pelo simbolo decadente do "macho alfa" desmiolado. Aplausos pra ele que passou na melhor faculdade da America Latina (de novo essa história), ou uma vaia para o processo de vestibular, vai saber. Desculpem se estou generalizando, mas dos poucos que eu tive o desprazer de conhecer, posso afirmar que se enquadram nessa minha humilde opinião. Sobre os outros, não comento. Deixo que eles se decidam.

Atenção! Nada contra a diversão e as festas, mas poxa! um pouquinho de consciência também não mata e alimenta a alma, o corpo, a mente. Por que as pessoas não dão uma pausa nesse carnaval todo que virou o centro acadêmico dessa universidade e ajudam no movimento? De onde veio tanta apatia? De onde veio tanta indiferença? Porra! Eu realmente estou surtando nisso!

Pra quem não ia falar nada acabei me empolgando e desabafando de novo, não é mesmo? De qualquer forma, aqui vai um trecho do texto que li, pra dar uma ideia do quão revoltante certas coisas podem ser: 

"Em 1802 outro cacique descendente dos incas, Astorpilco, recebeu a visita de Humboldt. Foi em Cajamarca, no local exato onde seu antepassado, Atahualpa, tinha visto pela primeira vez o conquistador Pizarro. O filho do cacique acompanhou o sábio alemão no passeio às ruínas do povoado e aos escombros do antigo palácio incaico, e enquanto caminhavam falava-lhe dos fabulosos tesouros escondidos sob o pó e as cinzas. "Não sentis às vezes o desejo de cavar em busca dos tesouros para satisfazer vossas necessidades?", perguntou-lhe Humboldt. E o jovem respondeu: "Tal desejo não acontece comigo. Meu pai diz que seria pecaminoso. Se tivéssemos os ramos dourados com todos os frutos de ouro, os vizinhos brancos nos odiariam e nos fariam mal"

Dói em vocês também, esta última parte? Não sei, em mim dói bastante. Dói porque é verdade, porque vemos isso acontecer todos os dias e não levantamos bandeiras contra isso. Se não é conosco está tudo bem, e se é, reclamamos no serviço de atendimento ao cliente e esperamos resposta em dez dias, quando problemas maiores já terão nos atingido e aquilo já não importa mais. Sim, fico emputecido. Sim, fico agitado. E sim, também não faço nada. Venho aqui e desabafo.

Enfim, vou ler um livro, ver se encontro meios por onde começar a mudança. Vou me informar, vou me esforçar e vou mudar de fato. Espero que eu mude. Espero que vocês mudem também. Espero que eu deixe de esperar e comece a agir.


Fica o trecho, do mesmo texto: "Camponês! O patrão já não comerá mais da tua pobreza!"

É uma bela frase!  Pode ser por onde começar...

Fonte dos textos: "As Veias Abertas da América Latina", Eduardo Galeano, 1870."

Obs.: agradeço ao Marcelo Júnior por ter me enviado o texto de referência acima. Grande amigo, grande pensador!