quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Na praia

Estou na praia meus amigos!!

Finalmente, depois de tantos horas, dias, meses, esperando e sonhando com a praia, cá estou, no computador, escrevendo! AHM!? "Vai pra praia seu louco!"

Ok!Ok! Estou indo, mas antes tinha que vir escrever um último post antes do final do ano, não é?

Então, primeiro, FELIZ ANO NOVO pra todos vocês.

Segundo, vi este texto por ai e achei legal:

VIDA

“Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso,
Já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar,
mas também decepcionei alguém.
Já abracei pra proteger,
Já dei risada quando não podia,
Já fiz amigos eternos,
Já amei e fui amado, mas também já fui rejeitado,
Já fui amado e não soube amar.
Já gritei e pulei de tanta felicidade,
Já vivi de amor e fiz juras eternas, mas "quebrei a cara" muitas vezes!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
Já liguei só pra escutar uma voz,
Já me apaixonei por um sorriso,
Já pensei que fosse morrer de tanta saudade e...
...tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo)!
Mas sobrevivi!
E ainda vivo!
Não passo pela vida... e você também não deveria passar.
Viva!!!
Bom mesmo é ir a luta com determinação,
Abraçar a vida e viver com paixão,
Perder com classe e vencer com ousadia,
Porque o mundo pertence a quem se atreve
E A VIDA É MUITO para ser insignificante"

Charlie Chaplin (? não sei. dizem que é dele)

BEBAM COM MODERAÇÃO!

Beijosmemandasmsnoreveillon!

domingo, 27 de dezembro de 2009

Ao tédio com carinho - por Renato Capella

Acordo bem tarde e saio da cama
Vou à sala, não há nenhum abalo
Meu café ainda é água na chama
E, antes de tentar falar, eu me calo

Ela está lá, quieta, sempre tão perto
De mãos dadas, bem íntima consigo
Não me atenho em encontrá-la, decerto
Ela está só, não quer papo comigo

Ele também, fica ali, só observando
De minhas entranhas se consumindo
Aos céus olhando e para ele gritando
Eu, qual animal, me pego fugindo

Ela é a falta, da qual sempre sinto
Ele é o tédio, comigo brincando
Ambos assim são, pois, meu labirinto
Nas férias de verão me atormentando

Dedico então a eles estes versos
Na falta de melhor coisa ofertar
Ficou uma bosta, motes dispersos...
Mas hoje foi só o que pude cagar

(Melhorado por Renato Capella - O pitaqueiro)


Fiz questão de publicar!! Ficou muito bom!

Ainda bem que tenho amigos bons a me ajudar!
Bons pra mim e bons para a arte! =D

Grande Abraço, Capella!!
E obrigado por tornar meu poema decassílabo!

Ao pai

Você não é respeitado dentro de sua casa.

Está tão acostumado a aceitar que seus pais têm razão em tudo, que as coisas não funcionam quando as decisões partem de você e, cada vez mais você aprende a ser submisso e a aceitar ordens mesmo que não as queira satisfazer. Depois, você passa o dia esperando um elogio que seja pelo seu comportamento, por ter sido obediente, por ter sido o garoto exemplar desde o primeiro ano do colégio até o último da faculdade.

Você vai trabalhar, ganhar muito dinheiro por conta do ótimo curriculum que acumulou por todos estes anos tentando acender uma chama qualquer de orgulho no galho seco que é seu pai, mas o máximo que recebe é um: "graças a educação que eu te dei, ao contrário, você não seria nada". Graças a educação que você me deu?

E você olha para o seu irmão e irmã que nada fazem para merecer o orgulho de seu pai ignorante mas ainda assim recebem mais do que você porque, ao contrário de você eles são decididos e bem resolvidos mesmo que no fundo não resolvam nada, nem mesmo uma conta de um-mais-um porque largaram o colégio no segundo ano, depois de um ter repetido duas vezes e o outro uma.

Ainda assim, seu pai olha pra você deixando a entender com o olhar que você não vale nada, que enquanto você não bater de frente com ele não haverá respeito por você e que abaixar a cabeça sempre foi a única coisa que ele não queria que você fizesse, mesmo depois de ter te ensinado por anos que os pais sempre têm razão e você nunca provará o contrário. Porque você é incapaz de tomar uma decisão correta.

E depois de estar convencido que você é um inútil dentro de sua própria casa e que depois de batalhar por tanto tempo pra ter o orgulho do seu pai, você olha pra trás e vê que o que conseguiu é muito maior do que isso. Seu cargo de qualquer coisa bem sucedido, sua casa, sua família que te ama, esposa e filhos, sua vida inteira que é um sucesso e quem não enxerga isso é o seu pai. Aquele mato seco e desbotado que definha enquanto você cresce.

Agora que você é pai, você percebe que pai realmente sempre tem razão. Mas que por razão entende-se ser racional e não estar sempre certo. E você, como bom pai que é, é racional e entende tudo. Não guarda mágoas do passado e, sempre que vê seu pai, o beija na mão e pede a benção. Agradece por tudo o que ele permitiu que sua vida fosse e vai-se embora com um sorriso no rosto. Porque nada disso importa mais. O que importa agora é cuidar do seu filho e de si mesmo, para que você não seja como seu pai e seu filho não seja como você. Para que a vida não seja dura demais com nenhum dos dois.

Ao tédio com carinho

Acordo tarde na minha cama
Vou à sala, é tudo tão calmo
Tomo um café feito por mim
E antes de tentar falar, me calo

Ela está lá, sempre tão perto
De mãos dadas ao silêncio
Não me preocupo em encontrá-la
Ela está só, não sabe o que penso

Ele também, só observando
De minhas entranhas se consumindo
Aos céus olhando e pra ele gritando
Eu, como um animal, busco abrigo

Ela é a falta, que eu sempre sinto
Ele é o tédio, comigo brincando
Os dois juntos são minha sina
Nas férias de verão, de fim de ano

Dedico então a eles a rima
Na falta melho do que oferecer
Ficou uma bosta, eu sei eu sei
Mas por hoje é o melhor que posso fazer

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

...

Acordei mal humorado.

Não sei porque raios resolvi colocar o celular pra despertar as 10 da madrugada hoje sendo que fui dormir as 4 da matina. Tudo bem que eu fico bêbado de sono às altas horas da madrugada, mas esta "beudisse" nunca cometi. É auto-flagelação querer me acordar com menos de 8 horas de sono.

Bom, de qualquer forma acordei e não consegui mais dormir. A família, italianos tradicionais, já falava pelos cotovelos no andar de baixo da casa. Impossível dormir com eles falando porque, como bom descendente que sou, ouvindo a família falando tenho vontade de falar também.

Desci. Tomei meu café ouvindo meus avós, chegando de viagem pra passar o Natal em casa, me bajularem e meus pais a me xingarem. Normal. O bom e velho natal chegando em casa. Já estava com saudades. Conversei muito com meus avós. Ouvi as mesmas piadas de sempre do meu avô e as anedotas obcenas da minha avó. Incrível como até um palavrão sai bonitinho da boca daquela velhinha loira de olhos claros. Às vezes lamento por ter nascido pardo de olhos pretos, mas qual seria a graça?

Pra você que está lendo este texto, isso tudo pode parecer muito chato, mas fazia tempo que não tinha um dia desses. Uma conversa com meu avô, uma risada com a minha avó. Por mais superficial que pareça, os elogios que sempre ouço deles são os que mais me importam. Quando minha avó me diz que sou lindo eu consigo até acreditar. Quando meu vô me diz que vou ser o melhor engenheiro do mundo eu até esqueço os meus 19 (ou mais) paus na faculdade.

Vou dormir tranquilo esta noite, livre do mal humor enfim. Praticamente no colo de quem me criou a beijos e abraços, me protegeu das broncas dos meus pais e me deu os melhores presentes mesmo nas piores condições financeiras.

Está triste porque entrou aqui pra ver se tinha um bom texto pra passar o tempo? Não fique. Tente imaginar um tempo como este com a sua família ou com quem você gosta. Talvez faça sentido. Talvez não.

Apenas "esteje feliz".

sábado, 19 de dezembro de 2009

Seus pés No chão

Seus pés

Vai... Vai embora. Vai dormir com outra pessoa. Vai como se não soubesse meu nome e como se eu não merecesse saber o seu. Vai embora sem me olhar nos olhos. Vai sentir o corpo de outra pessoa. Beijar outra boca. Dizer eu te amo.

E de repente nada mais valeu a pena e você decidiu que o mundo acabou. O mundo simplesmente acabou e não restou mais nada. Nem o chão, nem a areia, nem o pó do nosso caso. Dos nossos corpos, dos nossos olhos, das palavras ditas e das que não tiveram tempo de ser faladas. Mas tudo bem. Vá, sem demora. O que restará aqui são os momentos de um tempo em que a vida era sépia como um filme antigo, com uma música de gravador velho tocando ao fundo. Talvez seja isso. A música do gravador velho. Por mais bonita que fosse, sempre tinha aquele ruído irritante ao fundo que insistíamos em não ouvir, ou ignorar. Dando espaço para as letras que embalavam nossas noites e aqueciam nossos corpos. Mas ele ainda estava lá, o ruído. Ignorando o suor e agitando a alma, crescendo, vibrando, virando sirene dentro de nós. Ensurdecendo os sentimentos e virando o quê? Briga. Mais uma briga sem sentindo. Mais um movimento que te incomoda e te distancia mais. Eu te amando perdidamente e você preocupada apenas que eu tirasse os sapatos pra pisar no tapete.

Não podia ser outra coisa além de outro, e quando você deu pra reclamar da forma que eu falava, do meu romantismo barato que te tirava os pés do chão, lá atrás na vida sépia, quando o ruído ainda não incomodava, aí sim eu tive certeza e vi. Eu vi, dentro de mim, outro, dentro de você. Não! Não negue! Apenas vá embora. Vá e leve contigo todo o amor que eu pude te dar. Pra te manter com os pés no chão sempre que se lembrar de nós e não cometer os mesmos erros, assim como eu o farei. Porque agora não ouço mais o ruído. Só a doce música dos teus passos destruindo, um a um, o pouco que restava de você aqui. Vai! Mas vá com os pés no chão para eu ouvir ao longe que você se foi.

(Filippe Cosenza)

No chão

um
no chão
eu só queria um no chão
e você me arrancou os dois
com tamanha força e aspereza
que que tem na cabeça que te deixa com as ventas quentes?
que que traz da rua, que te enche a cara, que te afoga em que mágoas?
que pragas que te atormentam, que poça que pisa com tanta fúria?
e vem com esses pés de lama
com essa cara molhada
que chuva que te chove o dia inteiro
e te lava a bondade
e só fica o veneno
um no chão
eu só queria um no chão
e você me arrasta dois tão facilmente
que mãe te colocou na rua pra esbarrar na minha passada?
que peito maldito e atrativo te colou no corpo?
te travei os dentes?
que unhas ainda estão nas suas costas?
que faro é esse que sente?
que gozo é esse que não deixa ir embora?
eu nunca quis pregos
nem mordaças nem corrente
nem assim tão libertina afinal eu só pedia
um no chão
um que fosse ou que fosse mesmo a mão
só queria que uma parte qualquer
que fosse minha
e que quisesse
uma parte ao menos forte o bastante
pra te querer não te ter
e te ver sozinho

(Wilker Aziz)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Pe. Agostinho

Morreu o padre na cidadezinha.
-Ai minha nossinhora!

Toda a cidade ficou comovida. No mesmo dia, trataram de embalar o corpo em caixão de vidro, pra passagem ser mais fácil talvez, e montaram o padre no caminhão.

À frente, o caminhão dos bombeiros tratando de avisar toda a cidade que estava passando. Buzinava sem parar, parecia até que tinha incêndio em algum lugar. Atrás, carros e ônibus lotados fazendo passeata.
-O que é isso que tá acontecendo?
-Foi o padre que morreu.
-Que padre?
-O padre Agostinho.
-Ah! Pensei que fosse incêndio.

Na ordem então estavam: os bombeiros, o corpo virado pro céu em seu caixão de vidro em cima do caminhão rodeado de bexigas amarelas e brancas - e não estamos falando do padre baloeiro - e por fim, os carros da passeata com os fiéis fazendo festa para o homem santo.

Por onde passava era a mesma coisa, os bombeiros a buzinar, os fiéis a gritar e o morto a continuar morto sem saber da festa que se passava ao redor, tudo para ele que ficou ali, a tarde inteira, sendo exibido a toda a cidade em seu caixão de vidro (blindado?) pra que todos pudessem ver o velho mesmo que não quisessem.
-Mamãe, o que é aquilo?
-É o padre.
-Ah.
...
-Mamãe, por que é que o padre tá dentro do vidro?
-Ele está dormindo filho.
-Mas com esse sol na cara dele? Como? Por que tiraram ele de casa e tão andando com ele por ai?
-Bom filho. Ele está dormindo pra sempre. Foi encontrar papai do céu.
-Uaaai. E precisava ficar andando com ele por ai assim? Desce jeito ele vai acordar com essa barulheira todo e esse sol na cara e nem vai conseguir falar com papai do céu direito.
-Filho, ele está morto, entendeu? Não vai acordar.
...
-Mamãe?
-O quê?
-Posso dormir no seu quarto esta noite?

O corpo seguiu viagem até chegar ao cemitério - que fica ao lado da igreja, mas só Deus, O próprio, saberia dizer porque andaram pela cidade inteira para voltar ali naquele ritual tão morbido de sepultura. O que impora no final das contas é que o padre chegou ao seu destino moreno, depois de tantos anos sem quase sair de dentro do monastério, não resistiu ao sol e pegou cor.
-Esse é o padre Agostinho?
-Claro, foi ao enterro dele que viemos, não foi Maria?
-Mas assim, pretinho?
-É ele mesmo, mulher. Agora fica quieta.
-Mas não to entendendo amiga. Ele não era pretinho assim na missa não.
-Deve ter ido à praia antes de morrer, Maria. Não ta vendo... O Homi deve ter mandado um aviso pra ele lá de cima que a vida dele ia acabar ai ele foi pra praia passar os últimos dias.
-Ele devia ter ido é arrumar uma mulher, depois de tantos anos na santidade e com aviso prévio ainda, não tinha mais como ir pro outro lado, podia aproveitar o último dia como quisesse o coitado, ele merecia... Um homi tão santo.
-Afe! Maria!
-Cheia de graça, senhor é convosco...

domingo, 6 de dezembro de 2009

Exatas

Será a matemática uma ciência tão exata se sabemos que nem sempre um mais um é dois?

-Amor. Quero você de volta.
-Não. Acabou.
-Mas...
-Sem "mas". Eu e você não existimos mais juntos.
-Mas nós somos perfeitos um para o outro. Formamos um belo casal, nós dois.
-Tenho certeza que você vai encontrar alguém. Eu já encontrei.
-Espera. Você...
-Não. Foi logo que terminamos. Quer dizer... Um pouco antes, mas tanto faz, já estava uma merda mesmo.
-Quer dizer que nós dois eramos três no final?
-Tecnicamente.
-Tecnicamente? Existe outra forma de ver isso?
-Tecnicamente eu já estava ausente no final, então era apenas você. Nós dois éramos, na verdade, só você. E eu era eu e Alfredo.
-Alfredo?
-Sim. Alfredo.
-Aquele do mercadinho?
-O próprio.
-Não acredito.
-Qual o problema?
-Você está me dizendo que nós dois eramos três, ou melhor, um mais dois à parte, e o terceiro é o Alfredo?
-Ai! Sei lá. Qual o problema afinal?
-O Alfredo não sabe nem fazer conta, menos ainda fazer parte dessa nossa... nossa... matemática. Sei lá.
-Homem, esquece esta história. Não existe matemática. Não existe "nossa". Não existe mais eu e voce. Só eu e o Alfredo. Entendeu?
-Isso é complicado demais pra mim. Eu não te entendo.
-Não tem o que entender. No fundo, você só esta olhando pelo lado errado. Este não é um problema de matemática, mas sim de outra ciência.
-Que ciência, mulher?
-Química, meu caro. É uma questão de química.

Vai entender.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Poucas palavras

Depois de tanto resolveram resumir a vida do homem. Ou mulher. No fim, tanto faz. Tantos textos escritos e tantas vidas vividas em rabiscos e anotações que o sexo, não o ato, o gênero, não tinha mais importância. Podia ser o que quisesse a hora que quisesse.

É claro que algumas dessas vidas fracassaram, foram criticadas, mal interpretadas ou jamás entendidas, mas não se pode negar que foram vidas. Tiveram começo, meio e fim, mesmo que do todo conheçamos apenas uma parte.

Talvez pelo rancor ou pelas emoções sempre tão afloradas, escrevia bem e muito. Nem as drogas, nem o amor foram responsáveis por isso exatamente. Pode-se dizer que ajudaram, sim, mas já estava tudo ali, naquele poço, naquela ilha. Só serviram de verdade na catálise do processo. Processo químico, físico, matemático e principalmente português (a lingua) que permitiu ser o o que foi.

Depois, com um desfecho trágico, como sempre escreveu, mas provavelmente nunca preveu, um fim aidético lhe propôs um sentimento diferente. O ódio, a raiva, o medo e enfim a aceitação. E surgiu um novo ser. Uma nova linguagem. Uma nova escrita. Seria também uma nova vida se não fosse, na verdade, a morte. E assim foi. Morreu.

Deram então pra dizer depois disso que aquele que sofre demais, sofre as dores de Caio. Não as dores físicas, mas as psicológicas, psicóticas, neuróticas ou a neura que escolher. Bobagem demais. No fundo, foi só um homem que viveu como todos os outros, com a diferença de que soube se expressar.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Perfumes

Porque a chuva cai sem pedir licença, assim como a planta que nasce do asfalto quente por onde andam os sapatos dos homens.

Os sapatos sujos dos homens limpos e cheirando a sabonete de camomila.

Patético. Andam feito máquinas pretas e brancas com grandes guarda-chuvas abertos protegendo suas pobres cabecinhas da água podre que o dia evaporou, dos esgotos sujos transbordando os excrementos da humanindade.

Que bela vista, um bueiro aberto e emanando odores esmerdeados e quase coloridos de tão podres. Antes tivessem cor e pelo menos teríamos a chance de desviar, mas não. Adentram nossas narinas como um estúpro, uma invasão de minhas entranhas e no final, é tudo a mesma coisa. É tudo a mesma merda.

É o meu produto que vai parar naquele bueiro. É o produto daquele bueiro que vem parar em mim. Gruda feito mel na pele cheirando camomila. No final, camomila e bosta para toda a cidade.

E assim se segue a rotina. Do meu cu, pro mundo e do cu do mundo, pra mim. É um perfume francês.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Um velho ensaio chamado "Flor da pele"

Tudo tem contribuído tanto para um belo começo mas me sinto caminhando para o meu incrível final. Não se pode mais falar comigo sem ser mal recebido. Nem se pode me dar um sorriso sem receber de volta indiferença. Quase choro só de pensar em qualquer sensação de sentimento. Cheio até a boca, o meu pote de mágoas se espalha pelo corpo e fica a flor da pele esperando que seja tocada e como defesa de mim mesmo eu me isolo deixando apenas transparente a expectativa de não surtar no próximo instante. O olhar perdido observando o lado de fora, tentando entender o lado de dentro.

Corro o risco de morrer a qualquer instante e não posso ao menos pressentir quando irá acontecer. A esta altura qualquer beijo de novela, qualquer olhar pode me derrubar em lagrimas ou na própria e tão temida morte. Tento me preservar como sempre fui. Pessoa calma de poucas ações. Mas a força do tempo me fez sentir a falta daquilo que nunca tive e me fez querer a mudança. Me sinto como um barco sem vela solto em alto mar. Pra onde ir foi a pergunta que sempre fiz e nunca tive resposta. Agora me resta esperar e lamentar os meus sentimentos desperdiçados com tão pouco. Sentimentos estes a flor da pele, esperando para serem libertos desta prisão que sou.

"Ando tão à flor da pele, que meu desejo se confunde com a vontade de não ser..." (Zeca Baleiro)

sábado, 28 de novembro de 2009

Sábado a noite

Ele ouve Chopin descaradamente
enquanto lê Saramago

Ela diz que quer descer
largar tudo e descer
pro litoral

Os dois conversam
e pensam
como o prólogo dos bons momentos

Porque o pensamento
é o ensaio da ação.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Na lanchonete - parte III

Se não era assim tão tímida, era educada e pediu por favor um café amargo, para curar a dor do amor perdido. Se não era assim incovenitente, talvez, trazer algumas torradas para começar o dia que tinha choro marcado às duas da tarde, depois do almoço solitário no refeitório da empresa. Não fosse menos ainda cheia de dúvidas quanto tão decidida sobre o sabor do suco, de laranja, que escolheu no cardápio sujo da lanchonete-bar-café na esquina mais movimentada das ruas de sua pequena cidade. Fosse assim um fato tão cotidiano quanto isolado, que só ela sentia, ali naquela lanchonete-bar-café, na esquina movimenta de sua pequena cidade-estado-país, não importa, à não ser o fato de ser com ela e mais ninguém e isso sim, realmente importava. Era ela. E mais ninguém.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Ensaios

Deixe as mãos assim, em cima do velho piano de calda. Sua mão pálida se confundindo com as teclas brancas e contrastando com as negras em melodia. Os cabelos caindo pelos ombros nus, suados do calor e as pintas, sardas, se mostrando sedutoras. Não se esqueça de como virava os olhos para mim enquanto tocava Chopin ou coisa do tipo. Sabia que meus pêlos se eriçavam todos, me tomando de agonia e prazer em te ouvir tocar. Queria possuí-la mas não, era melhor que não. Logo depois rolavamos um sobre o outro na cama iluminada pela luz da rua e depois do gozo sorriamos e, olhando os dois para o teto branco, o arrependimento. Como era bom algo tão ruim, tão errado. Como eram lindo seus olhos cantando a partirtura do piano aberto. E como eram lindas suas mãos brancas tocando minha pele escura, como meios tons da melodia amarga de noite após noite em que pecamos naquele quarto, iluminado apenas pela luz da rua. Apenas pela luz da rua.

domingo, 22 de novembro de 2009

Saudade

é alguém que passou por mim e não vai voltar.
é aquele cheiro de shampoo.
é a tarde de domingo olhando pra cima e procurando o que fazer.
é o dia que virou noite e que virou memoria e voce nem percebeu.
é a casa que vejo todos os dias, mas nunca entrei.

é tudo, se tornando nada, em alguns segundos.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Rapidinhas

1] Acabei de ser informado que o Palmeiras teve dois jogadores expulsos por faltas identicas às que dois jogadores do São Paulo cometeram, mas que estes últimos não foram expulsos do jogo.
2] Pra dizer bem a verdade, não ligo pra futebol.
3] "AH! Está copiando o Marcelino!" (Marcelino Freire, pra quem não sabe)
4] Sim. Aliás, na verdade estou homenageando -o.
5] E por mais que tente, nunca serei como ele.
6] Porque as rapidinhas dele são muitas.
7] As minhas são poucas, como a minha criatividade.
8] Limitada.
9] Mesmo que em gozo.
10] Tchau.
11] ps.: terminei de ler o Mutarelli hoje. "Miguel e os demônios" é bom. E "O Natimorto", que havia lido antes, melhor ainda. No aguardo agora por minha encomenda de "O cheiro do ralo". Valeu Lourenço.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Na lanchonete - parte II

-Mas porque aqui?
-Você está me desconcentrando.
-Desculpe, mas preciso saber. Por que aqui?
-É um lugar calmo. Bom... Seria se você falasse um pouquinho menos.
-Muito bem. É justo.

-Tá. Pode voltar a falar.
-Falar o que?
-O que voce ia falar. O que era afinal?
-Não sei, esqueci.
-Eu também.
-Você ia falar alguma coisa?
-Não, mas estava tentando escrever.
-Escrever o que?
-Se eu lembrasse estaria escrevendo.
-E nada?
-Nada.

"Os senhores vão querer alguma coisa?"
-Pra mim um café com qualquer licor que tiver ai. E pra você?
-Whisky!
-Não seja besta homem. A esta hora da manhã?
-Muito bem. Então cachaça!
-Ele vai querer um café.
-Com conhaque pelo menos, pode ser?
-Mas...
-Está um frio danado.
-Café com conhaque, que seja.

-Escuta, o que você tem a ver com isso?
-Com isso o que?
-Com o que eu vou beber, com o que eu estou escrevendo...
-Não tenho nada a ver, mas sou seu irmão, preciso cuidar de você.
-Só me faltava essa. Você é o mais novo. Cala a boca e deixa eu escrever.
-O que está escrevendo?
-Nada. Olha só. Folha em branco. Está vendo.
-Que ótimo... Mas é sempre assim, há meses que não tenho uma idéia nova.
-Você tem um bom livro publicado.
-É mesmo. E você tem dois medianos. O que nos faz...
-Irmãos que se odeiam?
-Não. Irmãos que seguiram a mesma carreira, mas um é nitindamente melhor do que o outro.
-Filho da puta.
-Da mesma puta!

"Os cafés"
-Obrigado!
-Obrigado.
-Sendo assim, eu proponho um brinde.
-Muito bom. Já que não escrevo, bebo!
-Um brinde as folhas em branco.
-E aos irmãos filhos da puta.
-Amém.

-Agora cala a boca e me deixa escrever.
-Mas ainda não entendi porque aqui...

sábado, 14 de novembro de 2009

Minha semana em frenesi

Sexta feira pa-passada, ou seja, sem ser esta última (ontem), mas a outra. Foi formatura da minha irmã e - mesmo que ela não esteja se formando exatamente - fomos a festa para comemorar. Por "fomos", leia-se "eu e minha família". Obviamente, onde tem festa tem bebida e onde tem bebida tem o senhor Filippe bêbado, pra variar. Acho mesmo que preciso parar com este hábito.

Continuando, na formatura bebi o suficiente para não lembrar o suficiente, ou apenas o suficiente pra dizer que a festa foi boa, deu pra entender? Se sim, bem - me explica depois; se não, bem vindo ao clube da ressaca e do esquecimento pós Whisky, Cerveja, Tequila, comida japonesa direto da panela - disso eu me lembro - e do amigo bêbado tomando chopp direto do balde onde era servida a cerveja. Mas onde ele conseguiu chopp? É uma pergunta tão sem sentido quanto perguntar se Deus existe.

De qualquer forma, depois da ressaca colossal no sábado de manhã e de ter que aguentar a minha família me azucriando por eu ser ridiculo quando estou bebado, veio a famos promessa: "nunca mais vou beber e-ponto-final!". No sabado mesmo à noite fui ao bar com minha irmã e meus primos e - JURO - fiquei só nos refrigerantes sem gás, servidos infinitamente naquele bar sem graça. Costumava ser engraçado quando eu bebia lá.

Sobrevivi então ao sábado. Domingo viajei, dirigi de volta à minha cidade universitária onde o perigo é sempre iminente pra quem quer parar de beber. Mesmo assim, fui forte na promessa e segunda-feira foi vencida com louvor, quando recusei um convite para "uma cervejinha só" e ainda fui na academia em contra-partida ao pedido. Mas a minha glória não duraria por muito tempo.

Cheguei à terça-feira com a cabeça focada e os músculos tonificados da academia do dia anterior. Venci as primeiras horas do dia sem muito esforço. Álcool antes do almoço já não me atraia mais, que coisa milagrosa. Eu estava mudando. Tudo ia bem, eu era vencedor de mais um dia até que - obvio que algo iria acontecer, caso contrario este texto não teria sentido - APAGÃO. Isso mesmo, você deve estar lembrado se você mora em algum estado que é alimentado com energia de ITAIPU. Mais especificamente se sua cidade é alimentada por uma das linhas de Itaipu que caiu na última terça-feira.

O que ocorreu a seguir foi natural. Tão natural quanto o próprio apagão. Tinha que acontecer e aconteceu. Bebi feito um porco no cio, se bebem os porcos quando estão no cio. O coitado do batmam bem que tentou me alcançar mas não chegou nem perto. Nem ele, nem toda a liga da justiça conseguiram deter os incríveis poderes do homem bêbado que me tornei. Algo de heróico e malígno tomou conta de mim e bebi tudo o que tinha direito. Já estava confundindo bala de canhão com conhaque de alcatrão quando resolvi parar. Meu eu recional interior me pediu pra parar e parei. Afinal, tinha que dirigir ainda. Esperei as luzes e o foco da minha visão retornarem para poder dirigir e para não ter que subir 15 (quinze) andares de escadas à pé, no escuro e sem saber diferenciar pé-direito do pé-esquerdo.

Pois bem, cheguei em casa vivo. Insano e salvo. Dormi e advinha só? Ressaca sem fim no dia seguinte, EBA QUE BOM! Além disso, recebi a boa notícia de que as bebidas que tomamos na noite anterior estavam vencidas há dias, meses, anos talvez. Preferi não saber, mas gostei de ter uma resposta plausível para a dor de cabeça medida na escala Richter que estava sentindo e para a dor de estomago infernal que me fez arrotar lava. Que bom, uma resposta. Que ruim, tive que conviver com isso o resto do dia. Mais uma vez, depois da cagada descomunal e acoolica que dei, prometi não beber nunca mais. "NUNCA MAIS! ESTÃO ME OUVINDO?". Até que chega a quarta feira...

No próximo bloco, se eu tiver saco para escrever outro texto deste tamanho sobre a minha estúpida saga de bebedeira, vocês leitores saberão o que aconteceu na quarta, quinta e sexta feiras de minha nada mole e agitada vida. Até, seus inúteis...

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O homem que pensa

Às vezes o homem precisa de tempo pra pensar.

Ele se senta em sua poltrona e observa.

Observa o nada, procurando respostas pra tudo.

Passa a mão na barba - porque barba é sinal de sabedoria.

Os olhos perdidos e profundos contam uma história por si só.

E cada marca do rosto, derretido em preocupações, demonstra a seriedade do homem que pensa.

Porque às vezes o homem simplesmente precisa de tempo pra pensar.

Vou deixar crescer a barba.

sábado, 7 de novembro de 2009

Na lanchonete - parte I

Hoje ela veio de minissaia. Ela nem gosta de minissaias. Eu vi como ela olhou pra outra moça que estava de minissaia, ontem. Deve estar querendo me provocar.

-Moço!

Com certeza quer me provocar. O que será que ela quer?

-Moço. Por favor!

Aposto que hoje ela fala o que tem pra falar.

-Alô-ôu. Aqui, por favor.

-Pois não?
-Quero um café descafeinado e um desse aqui ó.

O de sempre.
Mas só ela pede o de sempre de maneira diferente todo dia.
Deve ser por isso que eu a admiro tanto.

-Certo. Mais alguma coisa?
-Não.

Não.
Como todo dia.
Mas algum dia, ela há de dizer sim.
Nesse dia eu a chamo pra sair.
Tomar um café em algum lugar.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Você dizia...

Sentados no restaurante

-Então... O que quer dizer?
-Não quero dizer nada.
-Mas...

Chega a comida.
Pensamentos, flashes.

-Diga!
-Já disse o que tinha pra dizer.
-Não, eu não entendo.
-Amor, não fale de boca cheia!
-Puta que pariu!

Silêncio.
Cautela.

-Desculpa, você sabe que...
-Não tolero palavrões.
-Eu sei, mas...
-Você sabe o quanto eu odeio isso.
-Sim, mas...
-E você insiste em falar.
-Amor...
-Não acredito.
-PORRA! Escuta!

Silêncio.
Paciência, paciência...

-Eu não sei se entendi muito bem mas...
-Tem uma coisa ai.
-O quê?
-Tem uma coisa ai.
-Ai aonde? Do que está falando?
-Aí, no canto da boca.
-O quê?
-Tem comida no canto da sua boca. Limpa isso, está me incomodando.

Respira.
Limpa o canto da boca.
Vai começar a falar.

-Com a toalha da mesa, amor? Tenha modos.
-(Batendo a mão na mesa. Ela assusta. Ele contido)Escuta! (Pausa longa, olhos nos olhos) Estamos aqui para discutir algo bem mais importante do que a comida no canto da minha boca.
-(Como uma criança tentando se justificar)Sim. Eu compreendo. (Fala olhando pra baixo)Mas estava me incomodando.

Ele respira fundo.
Raiva no canto da boca.

-Quero que você me explique novamente. O que quer dizer com...
-Não repita, por favor. Sou supersticiosa.

Ele bufa o que ia terminar de falar.
Respira.
Pensa bem.
Vai tentar de novo.

-(Pausadamente cada frase)Por favor. Do começo. Me explica.
-Explique-me. (Pausa. Ele a encara profundamente. Ela tenta se explicar como anteriormente)É o jeito correto: "explique-me". No começo da frase. Enfim... (Desvia o olhar)
-(Encarando-a)Escuta, estou perdendo a paciência.
-Você nunca teve muita mesmo.
-(Falando para si. Raiva contida) Merda!
-O quê?

Ele a encara nos olhos.
Sorriso inconformado.
Procura por onde começar.
Tenta e para.
Retoma.

-Eu disse merda.
-Que absurdo. E acabei de dizer que...
-Merda!
-O que está acontecendo?
-(Passando os olhos pelo ambiente)Estou cansado disso tudo.
-Mas...
-Merda! É isso mesmo.

Boca entreaberta; dela.
Olhar penetrante, entre o ambiente e ela; dele.

-Não aguento mais você me dizendo o que fazer.
-Eu...
-(Com a mão apontando pra ela) Não. Não. É melhor não dizer nada.

Silêncio.

-Você se estragou agora. Acabou com a própria vida. Não sabe o que te esperava. Não. (Ri)
-Meu bem, você...
-Não me venha com esse (imita ela) "meu bem". Você nunca se preocupou.
-Mas...
-Shhh. Shhh. (Com o dedo indicador na frente da boca)

Engolem as salivas.

-Eu vou matá-la. Sim, é isso.
-O quê?
-Vou fazer picadinho de você. Quanto você pesa?
-Calma... Eu...
-Ein!? Quanto você pesa? Levaria o que, uns cinco dias para comê-la.
-Amor, que brincadeira mais sem graça.
-Não é brincadeira.

Ele tem ar de louco.
Flashes.

-(Surtando e gritando, quase levantando da cadeira, pra cima dela) VOU ACABAR COM VOCÊ SUA VADIA!
-SOCORRO!

Garçons em alerta.

-VOU TE MATAR SUA PUTA!

Ela levanta pra correr.
Ele a segura pelo braço.
Alguém o segura pelas pernas.
Alguém a segura pelo outro braço.
Gritaria.

-Acalmem -se todos. - grita um dos garçons.
-ACALMEM-SE. (Prolonga o "SE")

Pausa.
Tensão.

Ele, soltando um ultimo suspiro, a larga, desistindo.
Ela assustada é abraçada pelo garçon protetor.
Ele chora, derrotado, com a cara no chão.
Ela chora, amedrontada.
Os garçons se riem por dentro.
As pessoas comem suas sopas e bifes ensanguentados.

Ele não olha mais pra ela.
Ela proibiu que falassem o nome dele.

Ela pesa 61.
Ele, 94.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Na rua sete

Ela abre a boca pra cantar. Alguns segundos depois alguém grita que está uma merda, que ela não serve para isso. Ela continua. Aos poucos as pessoas vão parando pra ouvir, até que alguém se levanta com as mãos na boca. Estão todos começando a ficar impressionados. O que era aquilo, afinal? Naquele barzinho empoeirado, esfumaçado, desorganizado e agora: impressionado. Os copos de bebida pendiam nas mãos se seus bebedores. O atendente ficou atônito, fez cara de que aquilo não podia estar acontecendo. Não ali. Mas estava. E ela então cantou mais alto e mais alto e continuou cantando, alí, no barzinho da rua sete, aquela música que dizia mais do que se podia ouvir.

sábado, 31 de outubro de 2009

Imersão teatral



Hoje me decidi: VOU LER MAIS TEATRO.

Num programa de imersão que fiz hoje, lemos duas peças muito boas, as quais pretendo aprender mais sobre os autores. Mas também, não sao nada mais nada menos do que Bertold Brecht e Nicolai Gogol. Chato, não é?

Para os interessados, lemos: "Inspetor Geral" (Gogol) e "VIVA BRECHT" (Adaptação de Reinaldo Santiago com textos do Brecht).

Ainda assistimos um vídeo sensacional do "Le Theatre du Soleil", sobre um projeto deste grupo (ou trupe) de teatro em Kabul, Afeganistão. Pretendo seguir os passos dessa gente. Essa gente de teatro! XD

Ah! E pra melhorar ainda mais, alem dos ensinamentos da Marcília Rosário, orientadora do nosso grupo - o Preto no Branco, recebemos a visita dos coordenadores do projeto Ademar Guerra, que vieram para somar conhecimento ao nosso grupo.

Depois de um dia inteiro sendo bombardeado por teatro, o que eu mais quero fazer agora, então? Retomando o começo dessa publicaçãoeu dig: VOU LER MAIS TEATRO. E é só isso que eu quero.

Êta paixão gostosa essa.

Bom. Foi ótimo. Amanhã, mais uma jornada, mais um tsunami de informações e mais um monte daquela vontade danada de ler e fazer teatro.

É isso, enfim, é isso. Tchau.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Um trago

No fundo, no fundo o que queremos?

Vejo pessoas indo, pagando pra ir, mas por que? Por que elas pagam e vao por algo que elas tem aqui?

Nao tenho resposta pra nada disso, só sei que acontece e esta acontecendo agora mesmo.

Só uma dica: nao faça nada que nao queira, nao pague pelo obvio, nao se jogue no impulso desnecessario.

Desabafos? De certa forma sim.

E aproveitando entao o ensejo, mulheres: deixem um pequeno sinal de que voces tem mais do que 12 anos. Sem nada é estranho, me sinto fora da lei.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Café da manhã

UOU! Estou impressionado. Quando eu penso que nada nessa vida vai mudar, descubro que ela vai estar lá, esperando. Não gosto muito deste tratamento: "ela", "ele", "eles?", mas fazer o quê!? Não sou dado a romantismos e mistérios contemporâneos, mas devo admitir que este tem me intrigado muito. Só não se decepcione.

"Mas e o medo de perder um rim", eu me pergunto. E o medo do aluguel? Não é bem medo na verdade. É mais um tipo de realismo, pelo mundo em que eu vivo. Sou uma pessoa que vive pela razão. Pé no chão, coisa e tal. Engenheiro, pra ser mais direto. E as coisas estão difíceis hoje em dia beibe, eu sempre digo.

Mas a quem estou enganando. Estou encucado, com os botões curiosos e os pensamentos avoados. Ansioso? Talvez. Receoso? Muito. Ainda prefiro aquele negocio sem hora marcada, sem conversa pensada, sem mistérios e tramas, mas estou pensando em me arriscar desta vez. Só desta vez.

Ah! Ainda resta uma coisa: é muito cedo! Pra acontecer? Não... Muito cedo no dia. Não da pra ser mais tarde? Eu não sou bem uma pessoa matinal.

E o lugar? Por que lá?

Devo insistir no meu receio, na minha realidade, e pedir: orkut? msn? Qualquer coisa que me prove que o mundo está errado e que voce não é um gordo de 40 anos e tarado querendo tirar proveito?

Enfim. Viva a vida. Ok, tentarei.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Jesus no Xadrez

No tempo em que as estradas eram poucas no sertão
Tangerinos e boiadas cruzavam a região
Entre volante e cangaço
Quando a lei era do braço do jagunço pau mandando do coronel invasor
Dava-se no interior esse caso inusitado
Quando o palmera das antas pertencia ao capitão Justino Bento da Cruz
Nunca faltou diversão
Vaquejada, canturia, procissão e romaria
Sexta-feira da Paixão
Na quinta-feira maior, Dona Maria das Dores,
No salão paroquial reunia os moradores
Depois de uma pré-eleção, ao lado do capitão
Escalava a seleção de atriz e atores
Todo ano era um Jesus, um Caífaz e um Pilatos
Só nao mudavam a cruz, o verdúguio e os mal-tratos
O Cristo daquele ano foi o Quincas Beija-Flor
Caífaz foi Cipriano
Pilatos foi Nicanor
Duas cordas paralelas separava a multidão
Pra que pudesse entre elas caminhar a procissão
Quincas conduzindo a cruz foi e num foi advertia,
Um cinturião pervesso que com força lhe batia
Era pra bater maneiro, Bastião não entendia
Devido um grande pifão que tomou naquele dia
Do vinho que o capelão guardava na sacristia
Cristo dizia: "ô rapaz, ve se bate devagar, já to todo encalombado
Assim não vou aguentar,
Ta com a gota pra duer, ou tu para de bater ou a gente vai brigar
Jogo ja essa cruz fora, to ficando aperriado, vou morrer antes da hora
De ficar crucificado"
O pior é que o malvado fingia que não ouvia
E além de bater com força ainda se divertia,
Espiava pra jesus, fazia pouco e dizia:
"Que Cristo froxo é você que chora na procissão?
Jesus pelo que se sabe num era mole assim não
Eu to batendo com pena,
Tu vai ver o que é bom, na subida da ladeira da venda de fenelon
O couro vai ser dobrado
Até chegar no mercado da cuica muda o tom"
Naquele momento ouviu-se um grito na multidao
Era Quincas que com raiva sacudiu a cruz no chão
E partiu feito um maluco pra cima de Bastião
Se travaram num tabefe, pontapé e cabeçada
Madalena levou queda
Pilatos levou pancada
Deram um cacete em Caífaz que até hoje não faz nem sente gosto de nada
Dismancharam a procissão
O cacete foi pesado
São Tomé levou um tranco que ficou desacordado
Acertaram um cocorote na careca de Timotéo que inté hoje é aluado
Inté mesmo São José que não é de confusão,
Na ansia de defender o seu filho de criação
Aproveitou a garapa pra dar um monte de tapa na cara do bom ladrão
A briga só terminou quando o doutor delegado interviu e separou
Cada santo pro seu lado
Desda que o mundo se fez, foi essa a primeira vez
Que Jesus foi pro xadrez mas não foi crucificado

Grande e belo Cordel do Fogo Encantado.
Uma homenagem a eles... e ao pensamento... porque NADA-COMO-PENSAR!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Absinto



Tocou a campainha sem a esperança de ser atendido. Oito anos haviam se passado desde a última vez. Ele agora tinha barba, bebia e fumava. Ela, não se sabe mais, iria descobrir agora. Ouviu passos e sentiu a luz acender por trás da porta. Viu alguém se aproximando, pelo movimento das sombras na fresta ao seus pés. O coração tentava inutilmente se manter calmo, mas acelerado como se estivesse correndo denunciava que mesmo depois de tanto tempo havia algo guardado ali, querendo sair. Apertou nas mãos o whisky que trazia embrulhado numa sacola de papel. Tinha pensado em levar vinho, mas o tempo distante o fez compreender que ela nunca gostara de vinho e no fundo, sempre quis algo mais forte.

O papel áspero que embrulhava a bebida, sonoro ao ser apertado, soava o som do nervosismo quando ela abriu a porta. Com a luz de fundo e a escuridão de fora, não se reconheceram até que ele falou - "Oi gostosa, é você?" e ela respondeu, depois de alguns segundos, que sim. Ela hesitou, mas o chamou para entrar, com ar de preocupada. Quando entrou, enfim ele pode vê -la, mais velha, oito anos gasta pelo tempo que na época parecia nem passar. "Eterno" - diziam. Agora puderam perceber que não, que o tempo sempre esteve presente.

Ela comentou da barba, ele sorriu e comentou do hobby de seda - "Ficou rica, como prometido, não foi?" ao que ela respondeu - "Foi você quem trouxe o vinho, meu bem". "Whisky" - ele corrigiu e percebeu no rosto dela um ar de pouco surpresa. Seguiram para a cozinha onde ele comentou - "Lembra quando entrava por aquela porta e, mal te cumprimentava, já subiamos correndo ao quarto, trepar?". Ela, batento as portas dos armários pegando copos respondeu de costas: "Trepar? Usávamos mesmo este termo? Bom, hoje em dia não uso mais. Eu e meu marido fazemos amor". Ao ouvir isso, ele desejou não ter aparecido por ali. Pelo menos não sem ter ligado antes. Queria que tudo se desfizesse como em filmes rodando ao contrário, em câmera lenta. Percorrendo de trás pra frente a cozinha, o corredor, a porta da frente, enfim, a rua. Ela percebeu o silêncio e que ele estava desconfortável. Pegou os copos, caminhou até a mesa e servindo a bebida continuou - "Sim, me casei e estou com medo que meu marido acorde e te veja bebendo comigo". "Vou embora" - ele tentou. "Não, Fique! Gosto deste friozinho na barriga. Você sabe bem... gosto do que é proibido". "Sei... e por isso fui embora. Não quero que o pobre coitado que dorme na nossa cama passe pelo mesmo. Adeus".

Antes de sair da cozinha, tomou de um gole a dose servida de Whisky, pegou a garrafa de cima da mesa e caminhou sem olhar para trás, em direçao a porta. Ela pensou por alguns segundos e depois correu até ele, abraçando -o por trás, em frente à escada. Visto de fora, o sentimento era de ternura, saudade. Talvez um pouco de desejo. E foi exatamente isso que o marido viu, de cima da escada, antes que pudesse descer pra ver o que estava acontecendo no andar de baixo. Quando ela percebeu, o marido já tinha lágrimas nos olhos. O outro, com o Whisky na mão, disse apenas - "Eu lamento." - antes de sair com a cabeça baixa pela porta em que ele havia entrado tantas vezes e agora, depois de oito anos, saia novamente pensando em nunca mais voltar.

Ao que se sabe ela se explicou ao marido que acreditou em tudo, e então viveram como nos filmes hollywoodianos, felizes para sempre, mesmo depois das traições que aconteram à partir daquele dia. Nosso protagonista, por sua vez, naquela mesma noite bebeu a garrafa de Whisky sozinho, esperando o dia amanhecer na porta de algum café a alguns quarteirões da casa dela. Tomou um café assim que a loja se abriu e foi embora para o lugar de onde veio. Agora, oito anos depois, ela se lembra do que aconteceu e espera ansiosa, bebendo Whisky na cozinha enquanto o marido dorme. Espera que ele apareça de novo, mas que dessa vez traga absinto.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Copo d'água



Tenho me sentido assim ultimamente, com monstros debaixo de minhas cobertas. Primeiro, o calor. Depois a insônia natural, que sempre tive. Não sei de onde veio, nem pra onde vai, só queria que não durasse muito.

Tem acontecido com mais frequencia de uns tempos pra cá. Quando acordo a noite me lembro de quando era mais novo e sempre acordava com meu pai, se levantando no quarto ao lado para tomar um copo d`água ou fumar um cigarro solitário na sala. As vezes eu frustrava seus planos com o cigarro, aparecendo pra me sentar no sofá e deitando em seu colo. Meu pai nunca fumou perto de mim. Ele me contava alguma história, geralmente desabafando algum problema que vinha na cabeça e depois me colocava na cama e ia pro seu quarto dormir. Sei que as noite comigo eram mais esclarecedoras do que sozinho, na sala esfumaçada. Sei disso porque até hoje essas noites acontecem e são para que ele, e agora eu também, contemos nossos problemas em desabafos e nos sintamos melhor com isso.

Agora, na casa nova, mundo novo, morando longe, acordo de madrugada pra tomar água e pensar nos meus problemas sozinho, na sala. Ainda posso escutar os passos de meu pai pela casa, o som de sua respiração nos corredores e a paz que era tê-lo como proteção. As vezes falo com ele na sala, desabafo casos e conto histórias. No dia seguinte ligo pra ele pra contar e ele me chama de maluco. Diz que é fase, que logo eu esqueço e consigo dormir direito. Fico pensando como seria dormir direito.

No fundo, acho mesmo que minha calma vem nas noites que acordo. Quando meus monstros se agitam e me fazem pensar na vida em plena madrugada. Me tiram do sono e me deixam completamente despertos com algum pensamento. Geralmente é assim que soluciono minhas equações, que faço o balanço do meu dia-a-dia. Só assim, pra no dia seguinte eu estar em paz.

sábado, 17 de outubro de 2009

Problemas técnicos

-Slow, vamos no show do Emerson Nogueira amanhã?
-Opa! Vamos sim!
-Ih! Não vai ter mais, o show foi cancelado por problemas técnicos.
-Que beleza.

sábado, 10 de outubro de 2009

Besteira

Ela não queria dizer o que era. Estava claramente nervosa e agitada mas "não era nada". Como nada? "Nada!" Que nervoso. Por mais que tentasse ela não me diria. Repassei momentos, minutos, segundos de olhares e conversas que poderiam ter a deixado daquele jeito. "Esquece, é besteira!" Então deixa de besteira e fique bem. "Também não é assim seu grosso." Que merda! Tudo bem. Repassando... Repassando... "É que..." Ela vai falar, enfim. Silêncio. Vamos, desembucha mulher. "Bem, eu..." Mas que droga fala logo! "Grosso!! Não falo mais." Puta-que-o-pariu-que-mulher-chata-do-caraleo (pensei), desculpa (falei). "Bom, eu... é que... tô grávida!" ela disse e fechou os olhos como se fosse apanhar. Meu Deus. Grávida? Dê quem? "Como de quem seu idiota?" Desculpa, foi reação perguntar. Mas... é meu mesmo? "Eu vou embora!" Não, espera. Eu... Bom... Poxa... Você mesmo disse, é besteira, vamos tirar. "Eu não acredito que voce falou isso!" Foi você quem falou, não foi eu! "Mas você usou isso contra mim!" É ruim, não é? Voce sempre faz isso comigo! (pensei), desculpa (falei). "Tá, e agora?" E agora? Não sei, preciso pensar...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Cansei

Quero conhecer gente nova.
Quero conhecer um lugar novo.
Quero um par de havaianas novas.
Quero sorvete de feijoada.
Quero criar tartarugas.
Quero morar na praia.
Quero viver de amor e cabana.
Quero morrer de prazer.
Quero aproveitar o dia.
Quero coxinha sem azia.
Quero a despreocupação de uma criança.
Quero andar devagar.
Quero remédio pra tristeza (com efeito imediato).
Quero tirar cola dos dedos.
Quero gelo em dia quente.
Quero abraço em dia frio.
Quero amizade eterna.
Quero quebrar minha TV.
Quero lembrar de tudo.
Quero reviver bons momentos.
Quero querer menos.

Quero enfim viver outra vez.

E continua...

Corre nego

Estávamos eu e um amigo. Fomos comprar qualquer coisa nessas lojas de conveniências. Na loja, havia algumas mesas como num shopping. Que estranho - pensei. E fiquei pensando, até que surge um rapaz com uma arma prateada e reluzente na mão. Não diz nada, mas tem uma aparência bastante perturbada. Meu amigo estava de costas, pagando pelos produtos no balcão da loja e eu, na porta, atrás de um sofá(?) fiquei em estado de alerta, apesar de não dar um passo sequer pra me proteger. Com uma cara muito feia e de dar dó o rapaz apontou sua arma e atirou, direto nas costas do meu amigo. Surtei. Dei gritos e pulos e corri quando o rapaz apontou a arma pra mim. Que desespero meu Deus. E meu amigo, será que morreu? Nem sangrou, só ficou o buraco da bala. Pelo menos enquanto eu pude ver, antes daquele louco e perturbado dar tiros pra todos os lados.

Sai à rua procurando ajuda. Uma garota com roupas de frio vermelhas e azuis me pega pelo braço e me manda correr. Eu corro. Mas porque estou correndo? - penso. Não pergunta, só corre - ela responde. Que estranho, eu nem perguntei em voz alta. Bom, o melhor é correr. Ao nosso lado chega um carro de polícia e, ainda em movimento, o policial nos interroga. O que está acontecendo? - ele pergunta. E eu que vou saber? Quando fui falar a garota me interrompe com um olhar de não-diga-nada e eu não digo. Os policiais desceram do carro (em movimento?) e pediram pra que olhassemos o carro. A viatura, senhor? Sim, a viatura. Tudo bem.

Estávamos olhando a viatura e ela me diz: tive uma idéia. O que? - eu penso; ou será que eu falo? Sei lá. Ela entra na viatura pela janela e pega uma bolsa preta que estava o tempo todo no banco de trás. Mas eu não tinha visto bolsa preta nenhuma!(?) Estava lá, oras - ela me repreende. Agora corre, nego - ela grita. O quê? CORRE NEGO! E eu corro. Você roubou a bolsa do polícia? Sim. Ah então tá bom. Como assim está bom? - eu penso. Tudo bem, corre que é melhor. Mas e se a polícia vem atrás, meu Deus. Não vem não. A polícia veio. Passou por nós e não viu. Como não nos viu? - questiono. O que importa é que não nos viram. - ela fala. Mas estávamos no meio da rua, eles quase nos atropelaram! Que absurdo. Ela me repreende: cala essa boa e acorda! O quê? ACORDA.

Acordo na minha cama, suado e atrasado. Uma pena, ela era tão bonita. De qualquer forma, escrever essa história aqui não é tão emocionante quanto sonha-la. Mas a vida é assim. Se fosse boa seria sonho, não é? Ou pode ser que isso tudo seja um sonho e a vida de verdade seja um paraíso, quando acordarmos. Ou pode ser que eu to viajando demais. Acho que sim. Chega.

sábado, 3 de outubro de 2009

A vida

As coisas funcionam de tal forma: ele trai ela e ela sabe. Ela não larga ele "porque é besta" - diz a mãe. Ele diz que é necessidade, instinto, não pode evitar. Ela entende, mas chora porque queria não entender. Tudo está bem enquanto ela não vê nada e ele também prefere assim. Um dia ela vê ele transando com outra mulher em sua cama, dentro de casa. Dois dias depois ele acorda com o pênis colado no próprio ânus.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Keep Walking



Hoje eu entendi o lance do Whisky.

O amargo da língua, o gosto forte que contrai o rosto.

Tudo pra esquecer o amargo da vida.

Depois de um tempo o rosto não se contrai mais e a bebida parece doce.

Este é o momento de parar e repensar a vida, degustando um bom Whisky.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Geronimo

Ô vontade de pular duma ponte. Sim. Cair de cabeça no mar gelado e lavar a alma. Sério, cansei dessa vida de faculdade, aulas, internet. Preciso de contato com a natureza e nada melhor do que esmagar meu crânio cheio de exatas contra o solo macio e mortal da água. Levando em conta que pularei de uma altura suficientemente grande pra que a água seja como concreto quando eu alcançá-la, claro. Bom, acho que terei que fazer alguns cálculos aqui pra não errar e acabar numa cadeira de rodas ao invés de atravessar direto ao inferno. Porque quem se mata vai pro inferno, me ensinou a minha avó.

Tentarei aproveitar ao máximo no caminho, antes de me estatelar. Sentir o vento rasgando a carne do rosto, a boca secando, os olhos mal conseguindo se abrir e irritados por conta das particulas em suspensão no ar, atingindo em alta velocidade a minha iris gosmenta. Vou me lembrar de pular pelado. Deve ser uma sensação única ter "o sexo" ventilado desta forma. Mas pularei de meia, pra não sentir frio. Não gosto do frio. Imeginem só, um homem nu, de meias, saltando de uma ponte. A situação exige um grito de guerra, ou melhor, de libertação. "I want to brake free", talvez. Não, não é esse tipo de libertação. Acho que vou ficar com o bom e velho "geronimoooo" mesmo. Quem nunca quis gritar isso, não é?

Bom, vou me preparar então. Mas antes, preciso ir pra aula que já vai começar. Depois conto como foi. A aula, não o pulo. Apesar dos dois serem igualmente mortais.

sábado, 26 de setembro de 2009

ô vício

postando do caaso... do palquinho mais especificamente... ouvindo a banda ´dona flor´ de araraquara, um mpb de primeira, ó, que bom!!
recomendo!
beijo pra quem for de beijos e abraços pra quem for de abraços. tchau.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Flor no asfalto

Ela diz que eu sou uma gracinha. Ó, uma gracinha. O primeiro elogio sincero que escuto desde os apertos de bochecha da minha avó, talvez: "ó que coisa mais linda!"
Não que não tenha recebido outros elogios por ai, mas este foi com afeto, com a alma talvez, se existir mesmo essa coisa de alma. Se não foi só com as palavras mesmo, mas de um jeito que me fez crer. "Uma gracinha." Que bom.
E eu dizia: "as vezes tenho vontade de me fechar num casulo e só sair quando acabasse o mundo".
"Não apela!" ela me repreendeu.

Ok. Ok. Mas esta resposta você só pode ler aqui.
Você que é linda e talvez nem saiba.
Inspirou minha noite. "Flor nascendo do asfalto" eu disse. Ela retrucou: "Tá, tá! Só entrei pra falar que você é uma gracinha. Chega de viadagens."

Está certo.
Obrigado pelo elogio mesmo assim.

sábado, 19 de setembro de 2009

X




Fotografia, hum! Algo a se pensar.
Faça um pose. Diga Xiiiiz.

Quero comprar uma câmera.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

E se eu sair por ai

Vou arrancar tua saia e pôr no meu cabide, só pra pendurar...

Quero ver se você tem atitude, se vai me encarar.

E se eu sair por ai?

Mart`nália.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

MATRIUSKA

Li.
Vou reler.
E digo:

É FODA!

Sidney Rocha, meu amigo. Voce manda demais!

Continue mandando que eu continuo lendo.

Dedico a você (e ao Marcelino) este tópico.

Abraços.

Ferro de passar

Passa vida
Passa minuto
Passa hora
Passou o dia
Começa de novo
Passa boi
Passa boiada
Passa trem
De madrugada
Que bonito
Passa carro
Passa gente
Passa bixo
Passarinho
Continua
Passa crença
Passa amor
Passa medo
Fica a dor
Fica a dor
E vai passando
Passa casa
Passa clínica
Passa árvore
Passarela
Já passou
Passa coisa
Passa troço
Passa ou repassa
Que sem graça
Sem parar
Passa chave
Passa grana
Passa corpo
Sem orgulho
Agora todos
Passa Chico
Passa Lia
Passa Eu
E vai passando
Que que falta
Passa 3
Passa II
Passa um
E agora
Passou

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

êta vida

Lá foram eles correndo atrás de suas vidas, convidados pelo destino a sentarem-se em poltronas grandes e bonitas. Se sentaram. Tomaram água e café e escutaram a voz da experiência - modos de dizer - falar sobre os seus planos, os nossos planos. Aos poucos os sorrisos foram se abrindo e os olhos se iluminando, alguns cheios d'água, escutando atentamente a notícia que estavam recebendo. "Mas é só o começo" o cérebro pensava, "pode dar tudo errado", e os ouvidos nem ligavam e continuavam exercendo sua função que, naquele momento, era vital. Era como se respirassem.

Que notícia boa, que tarde maravilhosa, que dia espetacular e ensolarado. Saímos de lá e compramos cervejas e salgadinhos que na velhice nos arrependeremos de ter comido. Mas naquele momento não, o dia estava perfeito e estávamos saudáveis. Frases com palavras soltas, sem forma nem conteúdo, tentavam definir nossa felicidade naquele instante, mas não conseguiam. Não passavam de frases com palavras soltas, sem conteúdo. O mais engraçado é que nos entendíamos. Acho que estávamos em sintonia, na mesma "vibe" como dizem por ai.

Ah! Que dia maravilhoso. E pensar que não tão longe alguém sofria. Tinha dores no coração e nas tripas. Não era fome, não. Era sentimento. E essa pessoa sofria a cada gole despreocupado de nossas cervejas. Outros, em algum lugar passavam fome. Alguns outros sentiam frio. Crianças pediam esmolas no semáforo enquanto mordiámos nosso concentrado de colesterol e ríamos. Alguém com certeza chorava porque sempre vai haver alguém chorando. Coitados. Um dia tão maravilhoso e eles continuavam lá, no reino dos sofredores, com dores no peito, na cabeça e nas tripas. É a vida, não é?

NÃO, não é.

sábado, 12 de setembro de 2009

Casa Velha

Hoje fui à casa dela devolver um livro antigo que estava comigo há tempos. Algo de poesia ou qualquer coisa que soe inteligente. Acabou que nunca li. Acabou que acabou, vai entender.

Não sei se foi a mania "cult" dela ou a minha cultura "pop" que estragou tudo, só sei que algo se estragou no caminho e nenhum dos dois aguentou o cheiro. Me lembrei da viagem que fizemos a uma cidadezinha do interior. O cheiro insuportável de bosta na primeira fazenda nos fez sentir falta do ar poluído da cidade. Voltamos correndo ao nosso ninho do amor impestiar o ambiente com nosso próprio cheiro, como se o fedor alheio não fosse o suficiente. Dois corpos nus na cama comprada em vezes nessas lojas feitas para casais recentes. Duas bundas que se alternavam pela cama, pela escrivaninha também comprada em vezes e pela poltrona, presente de casamento de algum tio meu ou dela. Não tinha cabeça pra lembrar de quem era o tio naquela hora. E pensar que escrevi páginas e páginas de meu último livro naquela escrivaninha, cheia de coliformes fecais da bunda dela, ou da minha, não lembro mais.

Estava colado na porta quando ela se abriu e pude sentir que o cheiro característico ainda estava lá, mas não era o meu. Alguém esteve ali, mas preferi não saber mais detalhes sobre isso. Ela atendeu a porta dizendo que agora morava com alguém, uma amiga do interior que veio estudar na cidade e que eu não ligasse a bagunça. Lembrei novamente do cheiro de bosta da fazenda e depois da bunda dela na escrivaninha. Sim, era a bunda dela, me lembrei. Pensei com meus neurônios que a história da amiga era uma mentira e tanto e que aquela vaca, numa segunda visita ao campo, sentiu a minha falta e arrumou um filho de fazendeiro (e da puta) qualquer para salpicar a casa com mais coliformes. Talvez ela queira cruzar espécies - pensei.

Entrei no apartamento receoso, com medo de encontrar um macho dominante que me olhasse dos pés a cabeça e perguntasse "Quem é o macho alfa ai?" e eu, emudecido, ouviria a voz dela respondendo "Ninguém!". Ninguém? No final, ninguém mesmo. Mas dei de cara com a amiga, que saia de mochila atrasada para a aula. Esqueci a história do macho dominante e do filho de fazendeiro esmerdeando a casa, mas pensei na amiga dela fazendo isso por ali, nos móveis que eu comprei. Perguntei se podia me sentar na poltrona. "É sua, foi seu tio quem deu. Quer de volta?". É mesmo, foi meu tio quem deu - pensei - mas não a queria de volta. Pertencia àquele lugar. Olhei ao redor e vi "aquele lugar", lindo, que construí com parte do meu dinheiro e parte com o dinheiro dela e no fim ficou tudo pra ela. Nada mais justo, foi pra ela desde o começo.

Percebi que estava tomando tempo demais ali, sem necessidade. Só havia ido entregar um livro velho que ela me pediu. Mas eu não queria ir embora. A poltrona, a mesa, o sofá, a cama que pude ver pela porta entreaberta, os porta retratos agora com outras fotos e até mesmo a mancha do meu pé na parede, motivo de uma das maiores de nossas brigas, me fizeram sentir que estava em casa e não queria ir embora. Pedi água e ela foi buscar. Encarei a mancha de pé na parede. Que pé enorme eu tenho, ela tinha razão em brigar comigo, dá pra ver de longe. Maldito pé. Desejei não ter pés pra não ter tido aquela briga. Pensando bem, até mesmo as brigas foram legais. Alguns xingamentos para extravazar, alguns palavrões e pronto. Sexo no fim pra apaziguar. Sono. Dormir.

Ela chegou com a água. "Obrigado por trazer o livro. Você leu?". Bebi a água e respondi que não. Sinceridade não era exatamente uma constante no relacionamento então, já que não havia mais relacionamento, resolvi inovar e reforcei dizendo que não novamente. Ela sorriu e pude ver que apreciou o gesto sincero. Continuei sentado, encarando ela olhos-nos-olhos até ela dizer: "Bom, estou atrasada e...". Parou de falar quando me levantei. Caminhei até a porta observando tudo o que meu campo de visão permitia naquele apartamento. Que saudade. Que merda! Ela abriu a porta. Me virei e senti, quase instintivamente, que nos permitimos um beijo. Um único beijo. Talvez o último dos últimos beijos. Hesitei.

Dessa vez acho que acabou mesmo. E se eu não tivesse hesitado, como seria? E se... Deixa pra lá. No fim ela ficou com tudo. A cama, nosso ninho, a poltrona, meus coliformes fecais e minha escrivaninha, tudo. Até mesmo a poesia ela pediu de volta. Poesias que não li quando tive a chance.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O fim da picada

Realmente.
Filme legal.
Bom?
Não sei.
Mas é legal.
Adoro bizarrisses, então...
Sim, filme legal.
Talvez bom.
Ou não?
Poxa, ta no meio ainda?
Filme bom.
Bom mesmo!
O que que ela ta fazendo...?
Nãaaao.
Por que isso agora?
Eita.
Acabou? Já?
Ih, estragou.
Não, não.
O filme é legal.

domingo, 6 de setembro de 2009

Doutor Ludovico (uma tentativa)

Leiam bem meus caros druguis a história que este Humilde Narrador vem vos contar sobre um drugui da minha banda muito horrorshow mesmo que foi pego pelos rozas enquanto tentava encher seus karmans de tia pecúnia.
Foi uma notchi e tanto e depois da boa e velha ultraviolência cheia de moloko com facas cortantes dentro, Ó, meus irmãos foi que, na lojinha de uma velha muito starre mesmo, que tipo assim fomos encurralados pelos miliquinhas. Vosso Humilde Narrador aqui se fez de inocente e foi parar na Prestata com uns bons anos de prisão, tomando toltchoks muito horrorshows mesmo tipo assim na litso e no ploti todo dos prestupniks ali presentes meus caros druguis. Já o glupi que estava comigo foi levado direto a um kantora bolshi e voni onde injetaram nele o tal fluido do Ludovico deixando ele um malenk mole e tonto e onde um vek baixo e um malenk gordo usando otchkis em cima do nariz de batata entrou smekando um malenk satisfeito com a situação.
Meu drugui ali, sentado com as rukas e os nogas amarrados na cadeira com os glazis arregalados e cheios de medo só podia sluchar a conversa entre os miliquinhas e o vek, doutor Brodsky. Diziam "Vamos começar. Agora ele vai aprender. Cada homem mata a coisa que ama, como dizia o poeta-prisioneiro" e então fizeram com que ele ouvisse horas do bom e velho Ludwig Van todo distorcido, destruindo pecaminosamente aquele shom criado pelo bolshi Bog, Ele mesmo, e passado ao starre Ludwig Van.
Depois de sofrer e ter que sluchar todo aquele shom destruído, Ó, meus irmãos, eles o deixaram odinoki, sofrendo dores nas tripas lembrando de toda a tortura no kantora dos shows de horrores meus caros. O pobre maltchik não conseguiu dormir e vomitou toda a pishka do dia anterior e ficou com a rot voni de vomito e aquela kal toda.
Disseram pra ele que aquilo tudo era para que ele ficasse um maltchik sarado e curado bonitinho mesmo para todo o sempre, amém e ele ficou todo buábuá lembrando da musica que parecia ter sido vitma do bom e velho entra-e-sai-entra-e-sai forçado muito horrorshow mesmo.
Quando saiu enfim do kantora, depois de uma semana, com os glazis arregalados e os okos doídos, nosso querido drugui percebeu que aqueles bratchnis haviam estragado todo o seu gosto musical e qualquer shom que soasse como o Ludwig faria doer seus okos e sua gúliver parecia que iria explodir, Ó, meus irmãos. Nosso amigo ficou bizumni mesmo com isso mas não podia fazer nada porque sentia as dores nas tripas só de lembrar do que tinha passada, mas nem assim ele desistiu e tipo assim se forçou a ouvir uma simfonia do bolshi vek criador Ludwig Van e escolheu tipo assim a mais horrorshow mesmo para isso.
Hoje em dia meus queridos que lêm o que o Vosso Humilde Narrador vos escreve, o drugui da história não está mais entre nós. Foi encontrado morto em sua domi ao shom da nona sinfonia, no último movimento, caído no chão com os glazis arregalados e com uma expressão tipo assim de muita dor mesmo com o bom e velho króvi vermelho-vermelho escorrendo como lágrimas e com a rot vomitada smekando um sorriso de alegria. Uma cena bonita e muito horrorshow mesmo, a qual não pude ver porque devia estar tomando muitos toltchoks na litso e no ploti de algum pleni bratchni e voni muito safado mesmo na Prestata, Ó, meus irmãos.
Agora, cá estou eu ainda, sofrendo com os anos nesta Prestata voni fedida meus caros, esperando o dia de minha liberdade para que possa voltar à boa e velha rotina de ultraviolência na notchi e aproveitar o bom e velho entra-e-sai-entra-e-sai com alguma ptitsa bonitinha por ai, torcendo pra que não me injetem o fluido do Ludovico nos rukas poluindo meu króvi vermelho-vermelho que só pode ser misturado com Moloko cheio de facas muito horrorshow mesmo. Então meus caros druguis, espero a jizna passar e em breve estarei de volta. Adeus irmãos.

sábado, 5 de setembro de 2009

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Primeiro dia

Todo dia é TODO DIA Sr Filippe.

Mas hoje!? Estou cansado! Fui à aula cedo, depois fui à academia, caminhei até a federal, salvei uma criança de um incêndio, ajudei a reviver uma velhinha que foi atropelada antes que eu a pudesse ajudar a atravessar a rua e...

OK, OK. Já percebi que está cansado. Começou a delirar e tudo.

Delirar? Isso é literatura! Prometi que ia escrever então estou escrevendo. Sempre quis ser herói de alguma forma e com as palavras é tão fácil. Me deixa continuar com meus pensamentos senão eu paro de escrever todo dia.

Está certo. Não contrariar. O alter ego se cala. Mas não venha choramingar depois, dizendo que está escrevendo só porcarias.

Uai. Você mesmo disse. TODO DIA É TODO DIA, nem que seja PORCARIA! Ih! Rimou. E agora? Será que é conto ou é poesia?

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Sobre ler e escrever

Tenho lido algumas coisas interessantes. Muitas, aliás. Mesmo que a minha leitura seja lenta e meu vocabulário precário, tenho me esforçado a ler compulsivamente, a fazer da leitura um hábito diário e prazeroso. Não que já não fosse prazeroso, mas minha visão deturpada enxergava a leitura como uma perda de tempo. Isso quando eu só pensava em ler mas não começava, porque se resolvia abrir o livro e dava inicio ao ato não parava mais. O fato é que tem funcionado. Todo dia leio algo. Nem que seja uma página de um livro qualquer. Tem dias que não me animo muito e acabo lendo pela obrigação que me impus, mas tem dias que a leitura me consome mais do que eu a ela e nos divertimos juntos até as últimas páginas.

Você pode pensar: "pra quê tanta leitura?". E eu respondo que, para escrever da maneira que eu gostaria realmente, sinto a necessidade de ler um livro por semana, pelo menos. Meu corpo e mente não conseguem se convencer de que eu posso sair escrevendo sem conhecer muito bem a leitura. Mesmo assim eu escrevo, afinal de contas tenho este blog, não é? Mas isso não significa que estou feliz ou satisfeito com a minha escrita. Se vejo meu vocabulário precário para ler, imagine para escrever. Portanto preciso ler mais e mais e, enfim, me sentir capaz de escrever. Por enquanto, às vezes, ainda sinto vergonha das coisas que escrevo, mas incentivado por amigos e família continuo escrevendo. Quem sabe um dia eu fico bom na coisa.

Pensando nisso, e em função das pessoas que me apoiam (gostando ou não da minha leitura), resolvi que vou escrever algo todos os dias. Devo deixar claro que não se pode esperar muito deste jovem de 22 anos que faz faculdade de engenharia (e não gosta) e se arrisca nos palcos de teatros amadores. Meu lado artístico ainda está enforcado pelas correntes preconceituosas de minha infância. Quando fazer teatro poderia corromper minha sexualidade. Dança então nem se fale. Triste lembrar que agenda era coisa para menininhas. Eu que sempre tive tanto pra escrever. Ter poucos amigos e aprender preconceitos na infância me fez assim, um pouco reprimido artísticamente, mas pretendo mudar isso.

Decidido então, considero este o meu primeiro texto da promessa de escrever todos os dias. Vou fazer deste blog o diário que não tive. Vou escrever aqui minhas fantasias, meus sonhos, a vida que eu queria viver e a que quero para o futuro. Às vezes vou escrever histórias minhas também, mas não pretendo deixar isso claro. Quem me conhece saberá e, quem não me conhece, entenderá. Espero que todos vocês (muitos ou poucos) que lêem este blog gostem das mudanças daqui pra frente. Gostando ou não, o link "comentário" está aqui pra isso. Comentem. Me elogiem e me critiquem. Só não deixem de falar. Assim como eu resolvi ler mais e escrever mais, encorajo que façam o mesmo. A vida simplesmente melhora.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

De uns tempos pra cá

De uns tempos pra cá
os móveis, a geladeira
o fogão, a enceradeira
a pia, o rodo, a pá
coisas que eu quis comprar
deu vontade de vender
e ficar só com você
isso de uns tempos pra cá

De uns tempos pra cá
o carro, a casa, o som
tv, vídeo, livros, bom...
o que em tese faz um lar
admito eu quis comprar
começo a me arrepender
pra ficar só com você
isso de uns tempos pra cá

Coisas são só coisas
servem só pra tropeçar
têm seu brilho no começo
mas se viro pelo avesso
são fardo pra carregar

De uns tempos pra cá
o pufe, a escrivaninha
sabe a mesa da cozinha?
lençóis, louça e o sofá
não precisa se alterar
pensei em me desfazer
pra ficar só com você
isso de uns tempos pra cá

De uns tempos pra cá
telefone, bicicleta
minhas saídas mais secretas
tô pensando em deixar
dê no que tiver que dar
seu amor me basta ter
pra ficar só com você
isso de uns tempos pra cá

Coisas são só coisas
servem só pra tropeçar
têm seu brilho no começo
mas se viro pelo avesso
são fardo pra carregar

Chico César

Costumes

Continuo acordando cedo
Vivendo o que não quero
Pensando em meu futuro

Continuo caminhando
Mesmo que doam os pés
Mesmo que o mundo acabe

Continuo caindo,
Por falta de equilibrio moral
Mesmo tendo acabado de levantar

Continuo no escuro
Mesmo com as luzes acesas
Mesmo com o sol ardendo em minha cara

Continuo escrevendo
Mesmo que ninguém leia
Mesmo que ninguém entenda

Continuo tentando voar
Sem ao menos ter asas
Porque que o solo só tem me machucado

Continuo tentando
Continuo gemendo
Continuo gritando
Continuo sóbrio

E continuo
E continuo

E canso de continuar
Paro

...

Com os olhos ja cansados eu busco
Busco uma solução
Ao menos uma explicação
Ao menos UM motivo
Do porque eu continuo
Sem ao menos ter razão

Existe coisa pior do que continuar sem razão?
Existe coisa pior do que dar razões para não continuar?

Desisto de pensar
E continuo.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Sorria

E as pessoas sorriram porque estava tudo bem.
Comigo também.
E a vida foi interrompida por um sopro de alegria.
E a rotina foi desafiada pela arte.
E a inércia perdeu a força com aqueles palhaços.
Os simples palhaços com seus simples gestos.
Fizeram sorrir o rosto mais sério.
E fizeram lembrar a infancia do mais velho.
Rodopiaram, jogaram balões, brincaram com seus chapéus.
Esqueceram de comer.
Mas abraçaram a todos.
No final, tomaram cerveja.
Lembrando que atrás de cada maquiagem, existia um ser humano.
Que bebe.
E sorri.
Como todos os outros.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Amor e carinho

-Amor, volta pra mim!
-...
-Por favor, amor. Eu te imploro. Preciso de você.
-...
-(ajoelhando-se) Você não entende. Predoe os meus erros. Eu não sei viver sem ter você. Preciso do seu amor.
-...
-Preciso do seu carinho, do seu toque, do seu calor!
-hum..
-O que foi?
-Precisa de carinho?
-(chorando) Sim!
-Precisa de toque?
-Sim! Sim!
-Precisa de calor?
-Sim! Por favor, sim!
-Então compre um vibrador que esquente, sua puta!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Sem nome

Ela insiste em se tratar por "ela". Que mania é essa de escrever em terceira pessoa? Pronunciar (ou escrever) o próprio nome é algo tão absurdo assim? Acho melhor não a chamar pelo nome também, então. Vai ver não gosta, preferia chamar Maria ou Aline. Vai saber. Isso me faz pensar que eu não sei o nome dela. Vai ver chama mesmo Maria ou Aline e na verdade queria se chamar joana. Ah! Que confusão. Melhor chamá-la de "ela". Nossa, acho que entendi. Que loucura com nomes próprios... ou com o próprio nome...

Acho melhor ir dormir, senhor Filippe.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Bop diron

"Participo sendo um mistério do planeta". Que loucura! Vou mesmo, andando pelos cantos, leis, encontros. Como pode dizer tanto sobre mim sem me conhecer? Triste pensar que somos todos iguais. Quantas pessoas já ouvi dizendo que essa música é dela, ou dele, ou dos dois? E a melodia segue fazendo sentido. Mostro como sou, aliás, me mostram como sou, até então eu não sabia. Fico bobo, balanço a cabeça e no que sigo meu caminho abro um parenteses pra não me esquecer que sou apenas um malandro, um moleque do Brasil. Um moleque do Brasil, que lindo isso. Bop bop diron, bop diron. Esses caras são mesmo fodas. Acaba uma música e começa outra, sem pausa, como é a minha vida esmiuçada pelas letras maravilhosas desses novos baianos, sempre novos. E a menina dança, mesmo que você feche os olhos. Parece loucura estas frases assim, soltas, parecendo não ter sentido, não é? Todos estes "ding dongs" e essa cantoria sem música de fundo. Conseguem entender? Nem eu. Mas eu gosto.

sábado, 8 de agosto de 2009

Tão longe, tão perto

Eu precisava sentir saudade pra me lembrar que estou vivo. Agora, com o peito apertado pela falta que vocês me fazem, eu me sinto morrer por dentro. Mas agora não tem mais volta, a vida me alcançou. Me resta o sentimento de saber que vocês estao aí por mim, me esperando e desejando, mesmo contrariados por isso significar que vou me afastar mais, que eu vá além, que eu supere as expectativas. Não posso estar aí, mas estou, assim como vocês estão aqui, dentro de mim, em cada lágrima, no gosto amargo da falta, na mistura de sentimentos, nos dedos que caminham pelas teclas tentando descrever o sentimento horrível que é escolher estar sozinho quando se tem tanta gente querendo ficar por perto. Vou respirar fundo e seguir em frente de cabeça erguida, com os ombros doídos, o corpo machucado e, o pior de tudo, com a alma cansada de tanto lutar. Tantas palavras pra dizer apenas que eu amo vocês e que vocês fazem uma falta danada. Saudades, saudades, saudades.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Ande comigo

Andando pelas ruas desta cidade percebi o quanto eu penso enquanto caminho. Meio cíclico e obvio isso, não é? Percebi que penso, pensando. O fato é que antes eu caminhava longas distancias acompanhado de alguma música dentro dos meus ouvidos, com o som no máximo pra passar o tempo. Agora passo o tempo de minhas peregrinações pensando. Troquei o som dos fones de ouvido pela música da rua. As buzinas dos carros, as sirenes, recortes de conversas aqui e ali, o som natural do mundo me acompanha. "Estávamos os dois ali quando...", "Sim, adorei!", "Tadinho, tão cedo e já..". Nunca ouvi uma conversa dessas de rua até o fim. Acho que nem as minhas próprias com alguém. Continuo caminhando e a inspiração vem chegando, vem penetrando em minha cabeça com a força do vento que zune em meus ouvidos. Leio anuncios que me bombardeiam com suas imagens com fins lucrativos. Controle das mentes, inclusive da minha. Acho que vou comprar aquele novo shampoo para cabelos oleosos. Depois trato as caspas com algum outro que me aguarda na propaganda da próxima esquina. Caminho pelas construções. Construo minhas caminhadas. Vivo emoções, vejo pessoas, carros, motos, farol, "PARE!", não paro porque não é pra mim. Mais um pouco e pronto. Cheguei.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A brasileira

É incrível como o mundo afora nos vê. Tanta coisa boa, tantas brasileiras lindas. Mas o que vinga mesmo, são as havaianas.

domingo, 2 de agosto de 2009

Foi bom o ensaio que tivemos hoje. Estava todo o elenco e uma fotógrafa. Veio também um músico nos visitar. "Patrãozinho!" e começou. Foi assim até o fim, com algumas pausas. Muitos cliques fotograficos com direito a pose e tudo no final. A orientadora gostou, então gostamos também. E continuemos ensaiando...

sábado, 1 de agosto de 2009

. . .

Não vou começar apontando seus defeitos. Mas não posso passar reto pelos erros que cometeu recentemente. Gostaria de não ter que xingá-la mas você é uma idiota. Não te passa pela cabeça que as pessoas precisam de explicações? Não te passa pela cabeça que as conversas vieram para ajudar? Uma pena você não ter percebido isso a tempo porque agora todos estão feridos. Machucados até as tripas e você tem culpa nisso. Você tem grande, senão toda, culpa nisso. Aprenda a conviver com isso e aprenda com seus erros. Tenha uma boa vida e por favor, desapareça.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

...

O cheiro dos seus cabelos não sai de minhas mãos.
Fique comigo hoje e amanhã também. Namore comigo daqui um mês. Case comigo daqui alguns anos. Ou melhor que tudo isso, sonhe comigo esta noite.

terça-feira, 28 de julho de 2009

E a prostituta balançava o cigarro por entre os dedos. Batia a bituca no cinzero e o levava até a boca, gerando um ciclo. Toda a alma esfumaçada do cigarro era tragada para dentro de sua boca em um beijo quase sedutor.
-E entao meu bem, vai querer?
Ele hesitou mas nao desistiu.
-Sim. - e deu um trago no cigarro dela, manchado de batom barato.
Tiraram as roupas, deitaram na cama e falaram sobre a vida até o amanhecer. Fizeram sexo de manhã. Ela recebeu o dinheiro, fumou mais um cigarro e partiu.
Ele deitou na cama e dormiu até a hora que a camareira do motel o acordou para arrumar o quarto.
-Acabou a diária senhor.
-Merda!
Ele se trocou e voltou para sua mulher e filhos.
-A viagem foi boa amor?
-Foi sim mas estou um pouco cansado. Preciso dormir. Me acorde na hora do jogo.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Comédia em pé?

Pensei em seguir carreira com Stand Up comedy.
Minha mae, super legal, me incentivou falando:
-Voce se acha muito engraçado né?
Quer dizer, incentivando a fazer outra coisa. Tipo engenharia.
Isso sim é que é piada.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Meditação no Presépio

"E se outro São Francisco se ajoelhar na gruta rústica, o Menino virá todo em luz aos seus braços, porque só o Santo Poeta entendia dessa irmandade geral do céu e da terra, e da graça de todos os despojamentos, e da alegria de não precisar ter, pela contemplação de todos os enganos, e da leveza da vida em expressão absoluta."

Trecho de "Meditação no Presépio" de Cecília Meireles.

sábado, 18 de julho de 2009

Cult

-Oi guria, tudo bem?
-Tudo, e voce?
-Bem tambem. Vai fazer o que hoje?
-Vou sair jaja, pra baladinha com uns amigos.
-Ah, legal.
-E voce?
-(Pensa)Uhm. Vou ficar em casa.
-Fazendo o que?
-Lendo um livro.
-Ah.
-Depois ver um filme.
-...
-Me matar, talvez.
-O que?
-E depois eu volto.
-Olha só. Eu indo pra balada e voce ai, cheio de programas cults.
-Programas cults?
-Fiquei até com verginha agora. Bom, vou indo.
-Tá. Beijos.
-Beijão.

Ele sai do msn, liga a tv e começa a assistir alguma porcaria Hollywoodiana. Ao seu lado um dos volumes de Harry Potter debaixo do controle remoto. Morre depois de algumas horas... de tédio.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Beckett

"
...

VLADIMIR
Você já leu a Bíblia?

ESTRAGON
A Bíblia...? (Pensa) Devo ter passado os olhos.

VLADIMIR
Lembra dos Evangelhos?

ESTRAGON
Lembro dos mapas da Terra Santa. Coloridos. Bem bonitos. O mar Morto de um azul bem claro. Dava sede só de olhar. É para lá que vamos, eu dizia, é para lá que vamos na lua-de-mel. E como nadaremos. E como seremos felizes.

VLADIMIR
Você devia ter sido poeta.

ESTRAGON
E fui. (Indicando os farrapos com um gesto) Não está na cara?

*Silêncio*

VLADIMIR
Onde é que eu estava? E seu pé, que tal?

ESTRAGON
Inchado.

VLADIMIR
Ah, é, os dois ladrões. Você lembra da história?

ESTRAGON
Não.

VLADIMIR
Quer que eu conte?

ESTRAGON
Não.

VLADIMIR
Ajuda a passar o tempo. (Pausa) Dois ladrões, crucificados lado a lado com nosso Salvador. Um deles...

ESTRAGON
Nosso quê?

VLADIMIR
Nosso Salvador. Dois ladrões. Dizem que um deles se salvou e o outro... (Busca o contrário de "salvar-se") se perdeu.

ESTRAGON
Salvou do quê?

VLADIMIR
Do inferno.

ESTRAGON
Vou embora. (Não se move)

VLADIMIR
E no entanto... (Pausa) Como é que... não estou chateando, estou?

ESTRAGON
Não estou ouvindo.

VLADIMIR
Como é possível que, dos quatro evangelistas, só um fale em ladrão salvo? Todos os quatro estavam lá - ou por perto - e apenas um fala em ladrão salvo. (Pausa) Vamos lá, Gogô, minha deixa, não custa, uma vez em mil...

ESTRAGON
Estou ouvindo.

VLADIMIR
Um em quatro. Dos outros três, dois nem falam disso e o terceiro diz que eles o xingaram, os dois.

ESTRAGON
Quem?

VLADIMIR
O quê?

ESTRAGON
Que confusão! (Pausa) Xingaram quem?

VLADIMIR
O Salvador.

ESTRAGON
Por quê?

VLADIMIR
Porque não quis salvá-los.

ESTRAGON
Do inferno?

VLADIMIR
Não, tonto. Da morte.

ESTRAGON
E daí?

VLADIMIR
Então os dois devem ter ido pro inferno.

ESTRAGON
E então?

VLADIMIR
Mas um dos quatro diz que um foi salvo.

ESTRAGON
E daí? Não chegaram a um acordo e pronto.

VLADIMIR
Todos os quatro estavam lá. E só um fala em ladrão salvo. Por que acrditar nele e não nos outros?

ESTRAGON
Quem acredita nele?

VLADIMIR
Todo mundo. Foi a versão que vingou.

ESTRAGON
O povo é de uma burrice."

Esperando Godot - Samuel Beckett

quarta-feira, 15 de julho de 2009

.

A coisa está ficando feia.
Comecei a tomar Whisky imaginário misturado em meu café e a fumar cigarros que não existem.
A fumaça ainda ocupa todo o espaço. Minha visão se acostuma ao caos cinza estabelecido em minha mente.
Quem vê de fora acha que estou ficando louco. Louco são eles que não me enxergam.

Tenho sentido calafrios de medo. Acho que o melhor agora é esperar que todos eles sumam. Enquanto isso me tranco com fechaduras inventadas.
Depois de tudo, sobram as palavras, a história pra contar. Aí então eles verão. Não vai sobrar nada de ninguém, não vou guardar nada pra mim. E será enfim, minha redenção.

sábado, 11 de julho de 2009

Mídias Sociais

A pessoa vai lá e cria um orkut. Ó todo poderoso Orkut.

Ai ela enche o perfil dela de firulas: livros que ela diz que ja leu, filmes que ela diz que já viu, lugares que ela diz já ter visitado e uma citação do "Dado" ou qualquer outro cabeça de nuvem da malhação. Sem contar na famosa frase: "Antes de me criticar, me supere.". Coisa fina.

Não contente ela enche o album dela com 754 fotos (e contando...) e isso faz com que as pessoas frequentem o perfil da modelo (que raramente segue os padrões do título mas acredita mesmo que o mereça).

Cansada com o assédio, porque o orkut (ó todo poderoso) possui uma ferramenta extremamente útil que lhe permite ver quem frequenta o seu perfil e que voce seja visto também como o fuxiqueiro que é, ela bloqueia as 965 fotos (sim, ela colocou mais) para que apenas os amigos dela possam ver.

Agora vamos raciocinar: seus amigos já te conhecem querida; voce coloca suas fotos para que quem não te conhece possa te ver e possívelmente te adicionar, fazer um contato ou pelo menos pensar "nossa que bonitinha" ou "que coisa horrível".

Enfim, minha revolta não para por aqui. Preciso mencionar "recados" bloqueados? A pessoa não te dá a chance nem ao menos de tentar um contato: "escuta, vim avisar que voce esqueceu aquele bilhete premiado da loteria na biblioteca e queria te devolver...". Quer devolver? Tem que adicionar! E pra adicionar, tem que conhecer. Se não conhecer, tira uma senha. E por ai vai... É melhor ficar com o bilhete pra voce, por mais fictícia que a situação seja.

Acho que vou deixar os comentários sobre as comunidades ("me chamo josicleide - BRAZIL"), "depoimentos" ("ti amu miguxu") e o mais legal de todos: buddy poke - o pokemon com a sua cara, pra depois.

Agora dá licença que eu vou ver meu orkut.

E viva as mídias sociais.
"freedom's just another word for nothin' left to lose."

Janis Joplin
"Se os olhos são a janela da alma, a mágoa é a porta de entrada."

Dexter.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Angústia

Estou angustiado.

As palavras que circulam em minha mente não conseguem se revelar em minhas mãos. As imagens maravilhosas que me vêm à cabeça são indescritíveis. Ou será que alguém conseguiria descrever uma tarde olhando para o mar? Alguém conseguiria dar vida a um sorriso na forma de palavras? Eu não sei como fazer. Só sei imaginar e isso me causa dor. Queria que todos pudessem ver e sentir o que eu sinto.

Estou escutando um música que faz os meus ouvidos parecerem que respiram. Inspiram tudo o que há de bom e não expiram NADA. Mas que droga. Por que alguns tem tanta facilidade e outros nem tanto? Por que eu tenho que ser um dos outros?

Escrevo isso enquanto as lágrimas, única forma de expressão verdadeiramente minha, escorrem pelo meu rosto já não mais tão belo quanto antes. É um rosto cansado de tentar. Um rosto cansado de responder às sensações e carente de sentí-las. E as lágrimas continuam a escorrer. Parece que não corriam há anos. Como eu queria isso e agora que está acontecendo não consigo parar. Deus, o que está acontecendo comigo? Deus, quem é voce? Deus, quem?

A música parou. Meu coração parece parar junto. Recomeço. Ela acaba denovo e denovo. Ela sempre vai acabar, alguma hora. Poucos minutos que se repentem mas que sempre acabam. Isso é uma droga! Não deveria acabar e no entanto, acaba. Porque nada é pra sempre. Mas porque tinha que acabar assim? Vou recomeçar. Desisto. Deixar pra lá cansa menos.

Engulo o choro e a angústia. Minha vida parece tão sem sentido no momento. Cheguei no ponto em que não estou mais no comando. Abri mão de passar o tempo. Agora deixo que ele me passe. Talvez isto explique o rosto cansado. Estou passado pela vida, pelo tempo. Passado, sem estar presente. Sem ter idéia do futuro.

Estou angustiado, amarrado, amordaçado. Queria fugir, mas pra onde? Pra longe de mim. Que merda. Isso tudo é uma grande merda.

E eu continuo angustiado. Angustiado. Angustiado. Gritar não vai adiantar. Meu coraçao apertado pode explodir se eu gritar.

Contenho o grito, tem gente dormindo. Puta que o pariu. Contenho o grito denovo.

Me acalmo.

E continuo angustiado...

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Papo barato

-E ai, como vai ser?
-O mesmo de sempre.
-Espero lembrar como é, faz tempo que não a vejo.
-Pois é, passei por algumas coisas.
-Pois fale, querida. Não é para isso que voce vem aqui?
-É, também.
-Bom...
-Só um minuto.
-Tá.

-Alô! Não. Sim. Às três eu estou livre. Tá. Tá bom. Beijo querida.

-Pronto, pode falar.
-É o Odacir.
-Denovo? O que ele fez dessa vez?
-Bom... Ele foi preso.
-Denovo? O que ele fez dessa vez?
(risos)
-Por isso que eu gosto de vir aqui.
-Espera só mais um minutinho.

-E então Cida, ele fez cocô?
-Não dona Nice.
-Tadinho. Voce faria isso por mim? Estou cuidando do cabelo dela.
-Claro, claro.
-Voce é uma bençao.
-Já ouvi isso.

-Pois entao, onde estavamos?
-Antes do cocô?
-É.
-Na cadeia.
(risos)

domingo, 28 de junho de 2009

Farmacológicos

Um homem, farmaceutico, encontrou a cura para uma doença rara. Ficou famoso e ganhou muito dinheiro. Teve carros, mulheres, sem querer alguns filhos e se divertiu muito até o dia em que o dinheiro acabou e ele não conseguia mais emprego, por ser obsoleto. Foi encontrado no chão de um motel barato, entre São Paulo e o Rio, morto em cima de seu próprio vômito. Resultado provável de uma overdose de qualquer droga barata. Ficou famoso denovo nos noticiários e jornais impressos. Durou uma semana e morreu mais uma vez, para sempre.
Que vida. Que vida!

sábado, 27 de junho de 2009

Californication

Qualquer coisa além de cuecas e camisetas é mero formalismo, desnecessário. O bom mesmo é acordar em casa, do lado de alguma desconhecida e tentar lembrar o que aconteceu na noite passada. Depois, tentar esquecer tudo enquanto fuma um cigarro. Como não vai conseguir esquecer, escreve um livro sobre o assunto. Isso é vida de escritor.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Brigas

-Sim, estou bem.
-Tem certeza?
-Sim,já falei, quer dizer, as coisas sairam um pouco fora do controle mas vai dar tudo certo.
-Que droga, eu sabia que ia acontecer denovo?
-O que voce quer dizer, que eu não vou mudar nunca, que nao sirvo mais?
-Não é isso, mas voce tem que admitir que estava errado.
-Mas que porra, foi um erro honesto, eu não quis fazer aquilo.
-Você sempre quer fazer aquilo!
-Sim, com você, espera ai aonde você vai?
-A merda!
-Então vai, quando o próximo bêbado que voce arrumar não te quiser mais você volta.
-E você vai estar esperando como sempre?
-As coisas podem mudar amor, as coisas podem mudar e esse figurão aqui pode não te querer mais.
-Está ai algo que eu pago pra ver.
-Se é o que você quer entao adeus, tchau, au revoir.
-Espera, aonde você vai?
-Ali na esquina comprar cigarros.
-Pensei que você fosse me deixar.
-Jamais, entra no carro minha gata.
-Depende.
-Depende do que, entra logo.
-Está melhorando.
-Mas que merda, entra logo, olha só, tem um motel ali na frente onde a gente pode resolver isso.
-Sim, senhor.
-Você tem dinheiro?
-Não, voce não tem?
-Não, merda, vai no carro mesmo.
-Então vamos logo antes que eu perca a vontade.
-É pra já mulher, é pra já.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Escrevendo

Esta é a grande sacada de ser escritor, ou melhor, de escrever (guardemos o termo "escritor" para os profissionais apenas). Podemos inventar de tudo, viver uma vida que não temos e ninguém, ou quase ninguém, vai saber se aquilo é verdadeiro ou não. Claro que às vezes nos obrigam a escrever: "esta é uma obra de ficção" e todo aquele papo furado mas isso não significa nada. Eu mesmo coloco muito de mim nos meus textos sem querer. Acho que é inevitável. Mas será que isso é tão ruim? Vejo isso como a identidade do autor. Como no teatro em que os personagens criados carregam um pouco da vida do ator, nos textos acontece o mesmo. Enfim, vou procurar algo que não seja sobre mim para escrever, colocando um pouco de mim. Deu pra entender?

(por Filippe, personalidade B).

sábado, 20 de junho de 2009

Vamos

Ela me olha nos olhos e sorri, dizendo: - Vamos!
Eu mesmo não tinha tanta confiança nos meus planos, mas os olhos dela me faziam crer que seria bom.
-Então vamos. - respondi.
Não nos mexemos da cadeira. De certa forma fazia parte da proposta.
Ai, o ócio criativo. Ficamos ali, parados. Olhos ora distantes, ora focados nos olhos do outro. O sorriso agora toma conta dos dois. São quatro lábios que já foram mais íntimos, sorrindo pela amizade. E que amizade.
-Vamos! - Falei denovo.
E fomos.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Skap

Você me faz parecer menos só...
Menos sozinho.
Você me faz parecer menos pó...
Menos pozinho.

Zeca Baleiro

terça-feira, 16 de junho de 2009

Labuta

Estou aqui. Esperando para começar um trabalho de uma matéria da qual não me dei o trabalho de guardar o nome. A sigla é tão grande que chega a ter contradição entre as palavras quando escritas por completo. Minha situação neste trabalho é tão crítica que estu aqui, desabafando no blog, ao invés de trabalhando com os outros do grupo. Chorar não adianta mais. O negócio é se adaptar, convencer a todos que eu sei o que estou fazendo e depois, num nível mais avançado, convencer o professor também. Se conseguir tudo isso é porque mereci mesmo passar.
Vai entender!