sábado, 5 de dezembro de 2009

Poucas palavras

Depois de tanto resolveram resumir a vida do homem. Ou mulher. No fim, tanto faz. Tantos textos escritos e tantas vidas vividas em rabiscos e anotações que o sexo, não o ato, o gênero, não tinha mais importância. Podia ser o que quisesse a hora que quisesse.

É claro que algumas dessas vidas fracassaram, foram criticadas, mal interpretadas ou jamás entendidas, mas não se pode negar que foram vidas. Tiveram começo, meio e fim, mesmo que do todo conheçamos apenas uma parte.

Talvez pelo rancor ou pelas emoções sempre tão afloradas, escrevia bem e muito. Nem as drogas, nem o amor foram responsáveis por isso exatamente. Pode-se dizer que ajudaram, sim, mas já estava tudo ali, naquele poço, naquela ilha. Só serviram de verdade na catálise do processo. Processo químico, físico, matemático e principalmente português (a lingua) que permitiu ser o o que foi.

Depois, com um desfecho trágico, como sempre escreveu, mas provavelmente nunca preveu, um fim aidético lhe propôs um sentimento diferente. O ódio, a raiva, o medo e enfim a aceitação. E surgiu um novo ser. Uma nova linguagem. Uma nova escrita. Seria também uma nova vida se não fosse, na verdade, a morte. E assim foi. Morreu.

Deram então pra dizer depois disso que aquele que sofre demais, sofre as dores de Caio. Não as dores físicas, mas as psicológicas, psicóticas, neuróticas ou a neura que escolher. Bobagem demais. No fundo, foi só um homem que viveu como todos os outros, com a diferença de que soube se expressar.

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