Porque a chuva cai sem pedir licença, assim como a planta que nasce do asfalto quente por onde andam os sapatos dos homens.
Os sapatos sujos dos homens limpos e cheirando a sabonete de camomila.
Patético. Andam feito máquinas pretas e brancas com grandes guarda-chuvas abertos protegendo suas pobres cabecinhas da água podre que o dia evaporou, dos esgotos sujos transbordando os excrementos da humanindade.
Que bela vista, um bueiro aberto e emanando odores esmerdeados e quase coloridos de tão podres. Antes tivessem cor e pelo menos teríamos a chance de desviar, mas não. Adentram nossas narinas como um estúpro, uma invasão de minhas entranhas e no final, é tudo a mesma coisa. É tudo a mesma merda.
É o meu produto que vai parar naquele bueiro. É o produto daquele bueiro que vem parar em mim. Gruda feito mel na pele cheirando camomila. No final, camomila e bosta para toda a cidade.
E assim se segue a rotina. Do meu cu, pro mundo e do cu do mundo, pra mim. É um perfume francês.
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