segunda-feira, 14 de setembro de 2009

êta vida

Lá foram eles correndo atrás de suas vidas, convidados pelo destino a sentarem-se em poltronas grandes e bonitas. Se sentaram. Tomaram água e café e escutaram a voz da experiência - modos de dizer - falar sobre os seus planos, os nossos planos. Aos poucos os sorrisos foram se abrindo e os olhos se iluminando, alguns cheios d'água, escutando atentamente a notícia que estavam recebendo. "Mas é só o começo" o cérebro pensava, "pode dar tudo errado", e os ouvidos nem ligavam e continuavam exercendo sua função que, naquele momento, era vital. Era como se respirassem.

Que notícia boa, que tarde maravilhosa, que dia espetacular e ensolarado. Saímos de lá e compramos cervejas e salgadinhos que na velhice nos arrependeremos de ter comido. Mas naquele momento não, o dia estava perfeito e estávamos saudáveis. Frases com palavras soltas, sem forma nem conteúdo, tentavam definir nossa felicidade naquele instante, mas não conseguiam. Não passavam de frases com palavras soltas, sem conteúdo. O mais engraçado é que nos entendíamos. Acho que estávamos em sintonia, na mesma "vibe" como dizem por ai.

Ah! Que dia maravilhoso. E pensar que não tão longe alguém sofria. Tinha dores no coração e nas tripas. Não era fome, não. Era sentimento. E essa pessoa sofria a cada gole despreocupado de nossas cervejas. Outros, em algum lugar passavam fome. Alguns outros sentiam frio. Crianças pediam esmolas no semáforo enquanto mordiámos nosso concentrado de colesterol e ríamos. Alguém com certeza chorava porque sempre vai haver alguém chorando. Coitados. Um dia tão maravilhoso e eles continuavam lá, no reino dos sofredores, com dores no peito, na cabeça e nas tripas. É a vida, não é?

NÃO, não é.

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