domingo, 18 de abril de 2010

(D)esclarecimentos

Esses dias estava pensando sobre o modo como escrevo aqui no blog. Quase sempre coloco um texto viajado, cheio de palavras que as vezes nem eu sei o que significa, tentando traduzir um sentimento ou um momento que tive. Gosto bastante de escrever dessa forma, já que geralmente pra mim aquilo realmente traduz o que estou pensando. O problema - se for realmente um problema - é que alguém depois sempre pergunta: "que porra é aquela que você escreveu?".

Sempre que alguém me pergunta isso eu fico pensando se o que escrevo aqui no blog, já que é um espaço público, é pra mim ou para os outros. Vejo que ninguém nunca comenta nos meus textos, o que não acho ruim de fato, e torna o blog algo inteiramente voltado pra mim. Ou não? Talvez não, porque eu sei que mesmo sem comentar, algumas pessoas frequentam este meu humilde pedaço da internet. Pode ser também que as minhas diarréias mentais não tenham agradado a muitos no começo e agora estes nem frequentam mais o grande edgar como faziam antes, porque aqui só encontram bosta ou coisa de "zé droguinha" como diz um amigo.

De fato tem muita bosta, mas preciso me manifestar quanto a esse pensamento. Mais pra mim do que para os outros. Por que escrevo bosta? Por que tantas palavras jogadas para definir um momento ou sentimento? Não poderia simplesmente entrar aqui e escrever: "RAIVA.", "AMOR.", "ALEGRIA.", "TRISTEZA.". Enfim, deu pra entender? Por que não facilitar?

Raul Seixas parece já ter passado pelas mesmas dúvidas, julgando pela música "Eu quero mesmo", em que ele diz assim "Eu tinha medo de ver a beleza da simplicidade...". Não é mais ou menos isso? Pelo tanto de perguntas que já fiz a mim mesmo neste tópico creio que é exatamente isso: medo. Medo de ser conciso, medo de me entender melhor do que eu realmente quero, medo de perder o romantismo da vida que permite traduzir os sentidos em palavras desconexas. Afinal de contas já ficou claro que gosto disso mais do que escrever textos muito bem pensados e com parágrafos e frases bem definidas.

Enfim, não posso parar de escrever assim desse jeito, cheio de frases que não dizem porra nenhuma a ninguém a não ser pra mim. O grande edgar é uma espécie de alter ego meu, pelo visto. Espero que isso também não desagrade a quem le minhas loucuras, mas tento não escrever pensando em quem le, pra que assim eu possa escrever sem os embelezamentos liricos que agradam, mas sim com verdadeiramente com o que vem de mim, de la de dentro, mesmo que seja ruim. Pode ser também que isso um dia vire um grande sucesso. Que alguém descubra este blog e reuna a pequena parcela da população que pode gostar do que eu escrevo e publicar um livro com "os pensamentos profundos do grande edgar" ou algo assim. Sonhando demais? Vai saber. Ta cheio de livro escrito para o ego do autor por ai. Por que não mais esse?

Bom, chega de perguntas e pensamentos vazio. Cansei de escrever certinho. Vou viajar um pouco e volto na próxima com algum texto viajado e assassinando a lingua portuguesa. Sou péssimo em gramática caso não tenham notado. Até a próxima então.

8 comentários:

  1. "que porra é aquela que você escreveu?".

    é exatamente esse sentimento que eu tenho com relação aos meus blogs. é exatamente por isso que eu criei um blog alternativo, prá que ninguém que não leia ele como texto (puramente texto, sem contexto) vir me perguntar que porra que eu escrevi.
    grande edgar, vc acaba de escrever por mim :)
    hahahahaha

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  2. só pq eu ia apagar este texto.. agora vou deixá-lo em sua homenagem.. aliás, em NOSSA homenagem e a todos que escrevem desta forma! haha

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  3. eu li o post, e como eu sou uma das que leem e nao comentam me senti na obrigacao de comentar esse!

    Ai eu fiquei pensando no Raul e, numa das minhas musicas favoritas, ele escreveu: "Quando o navio finalmente alcancar a terra e o mastro da bandeira se enterrar no chao" simplesmente pra dizer "quando nos encontrarmos"... acho q ele escolheu ser complexo... pq eh sempre mais legal!!

    Que vc continue sendo sempre vc na escrita... deixe o formalismo para os diplomatas... os escritores podem fazer da lingua o que quiserem, e essa eh a beleza da lingua em si!

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  4. UOU!! Valeu Hilde!! Fiquei feliz agora! =] E realmente Raul era otimo em suas complexidades.. Ve-se pela "Maça", não é!? XD

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  5. A língua é nossa e escrevendo por aqui e ali do nosso jeito é que a mantemos viva! Os livros de gramática são manuais de formalismos, não nos ensinam a transpor pensamentos tampouco sentimentos! Pra mim, mesmo as viagens mais complexas podem ser simples, simples expressões de alguém corajoso o bastante para compartilha-las... Bom, não estou sempre atualizado, mas estou sempre passando por aqui e me divertindo/impressionando com o que acho, então, vai deixando o grande Edgar cada vez maior pra galera e pra você! Abraço meu amigo!

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