Olho todos os dias pela janela
Logo na entrada da casa,
à esquerda.
Lá está ela, sempre à espera
A olhar fixamente um horizonte sem fim
Antes de girar a chave da porta e
.
Trancar para fora, o que é de fora
Deixar para dentro o que é dentro.
Ela sorri, como sempre faz essa hora,
(agora)
Eu não vejo,
Ou finjo que não, vejo,
Me sirvo d`um copo d`água e,
Bebo.
"O dia inteiro ela esperou que eu chegasse
Para sofrer com a próxima partida"
Tem sede, tem fome, tem calor
Precisa de uma gota de humanidade
Enquanto derruba suas pequenas folhas
À morte certa
do décimo
andar.
Ameaça se jogar em dias de chuva
Depois floresce a me fazer inveja
Eu que sou sempre poeta em outono
A derramar minhas folhas pelo chão da casa
Ofereço-a um beijo de misericórdia e
Dou-lhe a água que tanto esperava
Pra matar a sede de um novo dia
Pra enfrentar a noite que é sempre fria.