Retrabalho hábitos envelhecidos
Descrevo contornos embriagados
Escolho peças de lados cortantes
Desvio os olhos da realidade
Em paraísos disfarço essa tristeza
Enroscada na garganta inflamada
Nos bicos dos seios já caídos
De uma grande mãe fragmentada
Descalço pés enlameados
Não os lavo antes de dormir
Encho o colchão de rua quente
Cubro sonhos de concreto armado
Sou pedra de chão mal colocada
Faço tropeçar pernas bambas
Porque escolho ser torto e largo
Mas que me errem os pés suaves
Não faço pouco de quem antes tenta
Nem largo o cheiro do pó do homem
Gosto mesmo é de pisadas fortes
Pisadas que trazem o gosto da morte