Ele parece são. Escreve na máquina de escrever enquanto fala:
"As primeiras palavras de um homem são um universo de possibilidades. Dali podem surgir outras e outras que formarão frases e parágrafos que por sua vez formarão um texto. Um belo texto. Um texto de merda. Uma história qualquer. Cada palavra falada pode direcionar uma ação pra outro lugar e a vida toda tomar um rumo diferente por isso. Pode-se criar mais do que uma simples história com poucas palavras. Pode-se criar vidas, pessoas, personagens de um mundo imaginário com profundidade psicologica muito mais interessante do que a de seu próprio criador. Das entranhas insanas de um homem aparentemente comum pode existir um infinito de gente louca. Um e tantos. Quem foi que disse que dois corpos nunca ocupam um mesmo lugar no espaço. Os grandes escritores são prova viva de que isso é uma grande mentira! Um e tantos, no mesmo corpo, ocupando o mesmo espaço."
Ele conta com os dedos. Parece ver uma grande idéia em sua frente. O olhar é esperançoso. Volta a escrever na máquina, com vigor, e continua falando:
"Se cada pessoa no mundo criasse um único personagens, teriamos para um mundo tão pequeno o dobro de pessoas que temos hoje. Se subtrairmos as pessoas que não criam nada, ou se criam não demonstram por qualquer motivo, e considerarmos no entanto que existem pessoas que criam mais de um, teremos uma boa quantidade, em média, no final, de pessoas extremamente interessantes que sequer existem! E o pior, você leva o maior papo com eles na sua cama, sozinho a noite. Muitas vezes eles são a sua única e indispensável companhia. Seu único amigo, seu único amor! Você se sente ridículo por isso?"
Ele se lembra de alguma coisa, faz as contas. Escrevendo acelerado ele pondera:
"Bom, toda essa conta pode variar um pouco se considerarmos que existem personagens baseados em alguma pessoa que é real. Ora, mas ele não deixa de ser um personagem também, com projeção na vida real. Ou seria a pessoa real, com projeção no imaginário? Talvez não importe. É como a dualidade partícula - onda de um elétron. É particula ou é onda? Na verdade ele é os dois, é um ser real inserido em outra realidade! Confuso? Não mais do que a mecânica quântica do maldito elétron! Deixe que seja os dois. É homem real em mundo imaginário e é criatura imaginária em mundo real. Começa aqui a teoria da dualidade homem - criatura, ou pessoa - personagem ou... foda-se o nome! Nomes são apenas formalidades. Afinal, definir é limitar, não é mesmo?"
Ele duvida. continua pensando. Está delirando em pensamentos. Escrevendo.
"Isso me faz pensar: e se houver ainda um terceiro estado do homem - criatura - pessoa - personagem? Qual seria? Talvez seja mais simples do que parece. Se existe a criação, inspirada em uma criatura, não nos esqueçamos então do criador. Esse, o terceiro estado do homem, ilimitado e munido de suas palavras, capaz de inventar e reinventar, apagar e refazer, criar e destruir."
Ele está louco. Tem as mãos úmidas de suor enquanto bate forte na máquina de escrever.
"O homem nascido criador não pode dispensar seus dons, não pode abandonar tantas criaturas que ele pode construir. Seria um absurdo, uma falta de compromisso. Mas como? Como? Como criar o tempo todo? É difícil, falta inspiração. É mais do que se pode suportar, é redenção, é não reconhecer a própria vida, é doar-se, é sangrar, é morrer para que o outro possa viver por 590 páginas de uma história que não é a sua. É desesperador. Causa inveja, causa raiva. Por que esta merda de vida que eu escrevo não é a minha? Como eu sou capaz de escrever tantas coisas boas e belas e isso não existir no mundo real. Eu quero desistir, quero parar, quero parar de escrever."
Ele está nervoso e louco. Quase desesperado. Ele bebe, ele fuma, ele escreve, ele fala.
"Não posso. Não devo. Não, não. As pessoas dependem de mim. E a leitura no quarto sozinho? E os amigos e amantes dos pobres coitados? Eles dependem de mim, aliás deles. Da criação, não mais do criador. Da criação. Foda-se o criador. É o fardo. É... este é o maldito fardo, a maldita cruz: não viver, aliás, viver para escrever!"
A máquina bate o final da página. O som o acorda da insanidade. Ele para. Ele observa ao redor. Olha para folha assustado. Arranca a folha da máquina e a coloca contra a luz. A folha está em branco.
"Tanto foi falado e há tanto pra se dizer. Foda é escrever com palavras tão limitadas um pensamento tão complexo e lindo. Quero uma cerveja, um cigarro, um amor na vida. Quero... quero que se foda!"
Ele continua olhando pra folha. Ele quer que o mundo se foda.
"As primeiras palavras de um homem são um universo de possibilidades. Dali podem surgir outras e outras que formarão frases e parágrafos que por sua vez formarão um texto. Um belo texto. Um texto de merda. Uma história qualquer. Cada palavra falada pode direcionar uma ação pra outro lugar e a vida toda tomar um rumo diferente por isso. Pode-se criar mais do que uma simples história com poucas palavras. Pode-se criar vidas, pessoas, personagens de um mundo imaginário com profundidade psicologica muito mais interessante do que a de seu próprio criador. Das entranhas insanas de um homem aparentemente comum pode existir um infinito de gente louca. Um e tantos. Quem foi que disse que dois corpos nunca ocupam um mesmo lugar no espaço. Os grandes escritores são prova viva de que isso é uma grande mentira! Um e tantos, no mesmo corpo, ocupando o mesmo espaço."
Ele conta com os dedos. Parece ver uma grande idéia em sua frente. O olhar é esperançoso. Volta a escrever na máquina, com vigor, e continua falando:
"Se cada pessoa no mundo criasse um único personagens, teriamos para um mundo tão pequeno o dobro de pessoas que temos hoje. Se subtrairmos as pessoas que não criam nada, ou se criam não demonstram por qualquer motivo, e considerarmos no entanto que existem pessoas que criam mais de um, teremos uma boa quantidade, em média, no final, de pessoas extremamente interessantes que sequer existem! E o pior, você leva o maior papo com eles na sua cama, sozinho a noite. Muitas vezes eles são a sua única e indispensável companhia. Seu único amigo, seu único amor! Você se sente ridículo por isso?"
Ele se lembra de alguma coisa, faz as contas. Escrevendo acelerado ele pondera:
"Bom, toda essa conta pode variar um pouco se considerarmos que existem personagens baseados em alguma pessoa que é real. Ora, mas ele não deixa de ser um personagem também, com projeção na vida real. Ou seria a pessoa real, com projeção no imaginário? Talvez não importe. É como a dualidade partícula - onda de um elétron. É particula ou é onda? Na verdade ele é os dois, é um ser real inserido em outra realidade! Confuso? Não mais do que a mecânica quântica do maldito elétron! Deixe que seja os dois. É homem real em mundo imaginário e é criatura imaginária em mundo real. Começa aqui a teoria da dualidade homem - criatura, ou pessoa - personagem ou... foda-se o nome! Nomes são apenas formalidades. Afinal, definir é limitar, não é mesmo?"
Ele duvida. continua pensando. Está delirando em pensamentos. Escrevendo.
"Isso me faz pensar: e se houver ainda um terceiro estado do homem - criatura - pessoa - personagem? Qual seria? Talvez seja mais simples do que parece. Se existe a criação, inspirada em uma criatura, não nos esqueçamos então do criador. Esse, o terceiro estado do homem, ilimitado e munido de suas palavras, capaz de inventar e reinventar, apagar e refazer, criar e destruir."
Ele está louco. Tem as mãos úmidas de suor enquanto bate forte na máquina de escrever.
"O homem nascido criador não pode dispensar seus dons, não pode abandonar tantas criaturas que ele pode construir. Seria um absurdo, uma falta de compromisso. Mas como? Como? Como criar o tempo todo? É difícil, falta inspiração. É mais do que se pode suportar, é redenção, é não reconhecer a própria vida, é doar-se, é sangrar, é morrer para que o outro possa viver por 590 páginas de uma história que não é a sua. É desesperador. Causa inveja, causa raiva. Por que esta merda de vida que eu escrevo não é a minha? Como eu sou capaz de escrever tantas coisas boas e belas e isso não existir no mundo real. Eu quero desistir, quero parar, quero parar de escrever."
Ele está nervoso e louco. Quase desesperado. Ele bebe, ele fuma, ele escreve, ele fala.
"Não posso. Não devo. Não, não. As pessoas dependem de mim. E a leitura no quarto sozinho? E os amigos e amantes dos pobres coitados? Eles dependem de mim, aliás deles. Da criação, não mais do criador. Da criação. Foda-se o criador. É o fardo. É... este é o maldito fardo, a maldita cruz: não viver, aliás, viver para escrever!"
A máquina bate o final da página. O som o acorda da insanidade. Ele para. Ele observa ao redor. Olha para folha assustado. Arranca a folha da máquina e a coloca contra a luz. A folha está em branco.
"Tanto foi falado e há tanto pra se dizer. Foda é escrever com palavras tão limitadas um pensamento tão complexo e lindo. Quero uma cerveja, um cigarro, um amor na vida. Quero... quero que se foda!"
Ele continua olhando pra folha. Ele quer que o mundo se foda.
WOOOHOOOOOOOOOOOO
ResponderExcluirQUE FODA MEU CARO!
me deixou frenético aqui!
Concordo com o potedebiscoitos!
ResponderExcluirLeitura para se ter uma segunda-feira "du caralho"
Continue...
Um escritor escrever sobre um escritor que escreve sobre suas criações: http://files.sharenator.com/We_need_to_go_deeper_RE_Blond_Btch_comp-s400x203-120047-580.jpg
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