Lá estava eu, correndo de um lado
pro outro a bater com aquela bola enorme no chão, a driblar tudo e todos que
aparecessem na minha frente. Como era ágil e habilidoso. Ninguém me segurava
porque eu não deixava ninguém me tocar. Era invicto, temido por tanta
agressividade e destreza no jogo. Aliás, não precisava de time, nunca precisei.
Fazia tudo sozinho atravessando a quadra e batendo a bola no chão até encontrar
o outro lado. Enfim, a cesta. Eu era incrível e não errava uma. De dois, de
três, enterrando ou, fosse como fosse. Às vezes até inventada alguma coisa pra
fazer cesta. Fazia gracinhas e brincava com o adversário.
Às
vezes alguém tentava me segurar, fazer falta, mas eu me esquivava com maestria,
pulava no ar e mandava a bola pra dentro daquela cesta. Eu devia mesmo ter sido
chamado pra jogar no dream team! Por
que não? Modéstia a parte eu era realmente bom. Tudo bem, eu tinha apenas onze
anos e jogava sozinho, na rua. Mas se ao menos eles tivessem me visto. Eu
brilhava. Dava rodopios em volta de mim mesmo - ou melhor, do adversário -
jogava do meio da rua e fazia cesta dentro de casa. Cesta imaginária, claro.
Nunca tive uma de verdade, mas também nunca precisei. Eu sempre acertava em
cheio. De “chuá” a maioria das vezes, sem encostar nas bordas.
A
única vez que perdi uma cesta foi por causa da minha mãe, que me desconcentrou
no último lance do meu jogo solitário, gritando a hora do almoço. Errei. Tive a
certeza de que ouvi a plateia me vaiar. Mas tudo bem, depois eu voltei lá e fiz
mais um monte de cestas pra compensar. Eu era um astro voando baixo e, no fim,
fiquei no chão mesmo. Minha carreira no basquete não decolou. Em nenhum outro
esporte na verdade. Depois eu conto como eu era no futebol. Você não vai
acreditar. Se no basquete eu era bom, no futebol eu...
Nenhum comentário:
Postar um comentário