Saio às pressas de encontro à rua, atravessando a porta de casa. Devolvo aos pulmões o ar que lhes roubei. Caminho pela calçada pensando no que pode acontecer. Uma multidão se materializa na minha frente, cruzando pela esquina mais movimentada da cidade. Revolução, o povo está na rua, todos cantam, todos estão felizes e ensandecidos pela união. Amor, lute pelos teus direitos e peça a São Jorge para que não chova. Vi a multidão como um corpo só a se locomover pra frente, para o progresso, para o protesto. Uma garota me pinta o rosto em coloridos, escreve alguma coisa na minha testa. Sorrio, ela me beija a boca molhada e vai embora. Um rapaz me entrega um copo de cerveja. Espere, não se faz revolução dessa maneira. Que canção estão cantando? Caminhando e cantando... O que estão pedindo e protestando, que motivo leva tantas pessoas à rua em tamanha união? Onde estão as cobranças pelos altos impostos, pela água, pelo crescimento geral desta nação. Não é revolução. E aquela garota? Não era amor? Alguém me responde: não. Era apenas carnaval.
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