Exercício de criatividade um. Começa-se sem idéias. Continua sem elas. Persiste. Nada. Solta o lápis e estica as pernas. Pega o lápis de novo. Repassa a sequencia de ações que acabou de suceder. Passa para o papel, ou melhor, transforma em pixels. Sem luz não há escrita, literalmente. Lembro que preciso pagar as contas. As outras, a de luz está paga. Débito automático, como esse que viemos pagar nessa encarnação. Mecanicamente programado para pagar, trabalhar, amar, morrer, voltar ao plano superior, dar corda, descer de novo e por aí vai. Dessa vez como homem. Amanhã como mulher. Depois, bananas.
Não te revolta que os dias um dia acabem para sempre e você não sabe o que vem depois? Se tudo o que te contaram é verdade ou só mais um motivo pra você seguir sem questionar? A sociedade é o irmão mais velho que inventa coisas só pra você ficar quieto.
Às vezes eu desligava o controle da minha irmã do vídeo game e deixava ela apertando os botões para acreditar que ela estava jogando. Hoje a vida faz isso comigo, mas hey, o importante é participar, apertar os botões falsos como se fossem importantes. Acordar cedo todos os dias e ir trabalhar acreditando na construção de uma sociedade melhor que só está ficando pior. Se você parar pra pensar vai ver que tudo está indo para o buraco, menos o seu sorriso de bom dia às sete da manhã. Isso aí é coisa de ator profissional, daqueles do teatro Nô que morreriam se perdessem uma deixa. Você e sua máscara de amplificar caráter.
Você pensa nessas coisas? Eu venho pensando enquanto visto a minha cara de segunda-feira. A cara de sexta é melhorzinha, tem menos marcas de expressão. Não sei se foi se tornando pouco expressiva ao longo da semana ou se a pressão diminuiu mesmo. Um pouco dos dois, o mundo que me molda e eu que me moldo no mundo, ou ao mundo, o que dá no mesmo que a primeira afirmação. Faz diferença? Parece que não.
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