Era tarde fria naquela cidade pacata. Ele, deitado ao chão e coberto de trapos procurava o galo mais confortável em sua cabeça pra descansar. Virava para um lado, virava para o outro, mas não achava. Maldita cabeça que não fora feita como um travesseiro, mas toda de osso duro. Pelo menos assim, distraído, não tinha tempo pra pensar na fome.
Uma pessoa que passou ao seu lado, olhou e deu de ombros. Outra, jogou uma moeda pra se sentir melhor. Ele continuou se ajeitando e não deu a mínima bola. Pensava agora em quantos ossos devia ter no corpo e como todos eles doíam naquele frio. Os dentes rangiam e ha noites não dormia direito com tremedeiras. Não que nas noites de verão dormisse melhor, afinal de contas, era um homem de rua que dormia no chão e seria uma mentira dizer que já tivera uma boa noite de sono. Talvez quando era criança, quando dormia no colo da mãe, mas também não se lembraria agora.
Por vezes ficava parado, olhando para o nada, tentando se lembrar desta época distante de quando era pequeno. Não consseguia recuperar a memória daquele tempo. Talvez pelo uso abusivo de drogas, talvez porque sua mãe morreu quando era muito novo e não teve tempo de ser criança. Não importa, o que importa é que não lembrava e às vezes, louco de drogas, imaginava ter nascido homem feito. Tinha alucinações e se via saindo da vagina de sua mãe cheio de sangue, barbudo, com uma garrafa de vinho barato em uma mão e um cigarro na outra. Quem o observava em plena loucura via um homem nascendo do ventre de uma mãe imaginária, com um sorriso parecendo choro e fumando um cigarro imaginário. Depois tossia sangue e caía ao chão em desmaio. No dia seguinte, acordava com o sol na cara e o corpo doído do nascimento. "Nasci prematuro" - pensava. "Homem feito, mas prematuro". Pegava suas coisas e ia dormir em outro lugar.
Uma pessoa que passou ao seu lado, olhou e deu de ombros. Outra, jogou uma moeda pra se sentir melhor. Ele continuou se ajeitando e não deu a mínima bola. Pensava agora em quantos ossos devia ter no corpo e como todos eles doíam naquele frio. Os dentes rangiam e ha noites não dormia direito com tremedeiras. Não que nas noites de verão dormisse melhor, afinal de contas, era um homem de rua que dormia no chão e seria uma mentira dizer que já tivera uma boa noite de sono. Talvez quando era criança, quando dormia no colo da mãe, mas também não se lembraria agora.
Por vezes ficava parado, olhando para o nada, tentando se lembrar desta época distante de quando era pequeno. Não consseguia recuperar a memória daquele tempo. Talvez pelo uso abusivo de drogas, talvez porque sua mãe morreu quando era muito novo e não teve tempo de ser criança. Não importa, o que importa é que não lembrava e às vezes, louco de drogas, imaginava ter nascido homem feito. Tinha alucinações e se via saindo da vagina de sua mãe cheio de sangue, barbudo, com uma garrafa de vinho barato em uma mão e um cigarro na outra. Quem o observava em plena loucura via um homem nascendo do ventre de uma mãe imaginária, com um sorriso parecendo choro e fumando um cigarro imaginário. Depois tossia sangue e caía ao chão em desmaio. No dia seguinte, acordava com o sol na cara e o corpo doído do nascimento. "Nasci prematuro" - pensava. "Homem feito, mas prematuro". Pegava suas coisas e ia dormir em outro lugar.