segunda-feira, 7 de junho de 2010

Um banco sujo e manco

A vida perfeita. Não muito o que falar sobre, apenas viver isso. Ou não. Mais um dia que começa com um banho, vestir a roupa de sempre, calçar os sapatos, vestir o sorriso e o espírito de "boa vizinhança" e sair às ruas pronto pra convencer que levo a vida perfeita. Mulher e filhos, todos lindos e perfeitos. Jardim impecável em uma casa grande e bonita no melhor bairro da cidade. Tudo tão claro e limpo pra quem vê, mas tão escuro e sujo pra mim. Só mais um dia em minha vida perfeita. Gostaria de uma corda em meu pescoço, um banco sujo e manco em que eu pudesse subir e chutar quando todos estivessem chegando do trabalho. Se bem que seria melhor se tivesse sangue na cena. Chocante e revigorante. Crianças nadando na piscina ensaguentanda onde eu tenha me matado. Corte perfeito em baixo do braço esquerdo, preservando a imagem pra quem chegasse primeiro em cena. Eu, finalmente fora de mim em forma de sangue, o corpo branco e frio e o sangue quente e vermelho negro. O fim perfeito para a vida perfeita.

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