quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Na praia
Finalmente, depois de tantos horas, dias, meses, esperando e sonhando com a praia, cá estou, no computador, escrevendo! AHM!? "Vai pra praia seu louco!"
Ok!Ok! Estou indo, mas antes tinha que vir escrever um último post antes do final do ano, não é?
Então, primeiro, FELIZ ANO NOVO pra todos vocês.
Segundo, vi este texto por ai e achei legal:
VIDA
“Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso,
Já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar,
mas também decepcionei alguém.
Já abracei pra proteger,
Já dei risada quando não podia,
Já fiz amigos eternos,
Já amei e fui amado, mas também já fui rejeitado,
Já fui amado e não soube amar.
Já gritei e pulei de tanta felicidade,
Já vivi de amor e fiz juras eternas, mas "quebrei a cara" muitas vezes!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
Já liguei só pra escutar uma voz,
Já me apaixonei por um sorriso,
Já pensei que fosse morrer de tanta saudade e...
...tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo)!
Mas sobrevivi!
E ainda vivo!
Não passo pela vida... e você também não deveria passar.
Viva!!!
Bom mesmo é ir a luta com determinação,
Abraçar a vida e viver com paixão,
Perder com classe e vencer com ousadia,
Porque o mundo pertence a quem se atreve
E A VIDA É MUITO para ser insignificante"
Charlie Chaplin (? não sei. dizem que é dele)
BEBAM COM MODERAÇÃO!
Beijosmemandasmsnoreveillon!
domingo, 27 de dezembro de 2009
Ao tédio com carinho - por Renato Capella
Vou à sala, não há nenhum abalo
Meu café ainda é água na chama
E, antes de tentar falar, eu me calo
Ela está lá, quieta, sempre tão perto
De mãos dadas, bem íntima consigo
Não me atenho em encontrá-la, decerto
Ela está só, não quer papo comigo
Ele também, fica ali, só observando
De minhas entranhas se consumindo
Aos céus olhando e para ele gritando
Eu, qual animal, me pego fugindo
Ela é a falta, da qual sempre sinto
Ele é o tédio, comigo brincando
Ambos assim são, pois, meu labirinto
Nas férias de verão me atormentando
Dedico então a eles estes versos
Na falta de melhor coisa ofertar
Ficou uma bosta, motes dispersos...
Mas hoje foi só o que pude cagar
(Melhorado por Renato Capella - O pitaqueiro)
Fiz questão de publicar!! Ficou muito bom!
Ainda bem que tenho amigos bons a me ajudar!
Bons pra mim e bons para a arte! =D
Grande Abraço, Capella!!
E obrigado por tornar meu poema decassílabo!
Ao pai
Está tão acostumado a aceitar que seus pais têm razão em tudo, que as coisas não funcionam quando as decisões partem de você e, cada vez mais você aprende a ser submisso e a aceitar ordens mesmo que não as queira satisfazer. Depois, você passa o dia esperando um elogio que seja pelo seu comportamento, por ter sido obediente, por ter sido o garoto exemplar desde o primeiro ano do colégio até o último da faculdade.
Você vai trabalhar, ganhar muito dinheiro por conta do ótimo curriculum que acumulou por todos estes anos tentando acender uma chama qualquer de orgulho no galho seco que é seu pai, mas o máximo que recebe é um: "graças a educação que eu te dei, ao contrário, você não seria nada". Graças a educação que você me deu?
E você olha para o seu irmão e irmã que nada fazem para merecer o orgulho de seu pai ignorante mas ainda assim recebem mais do que você porque, ao contrário de você eles são decididos e bem resolvidos mesmo que no fundo não resolvam nada, nem mesmo uma conta de um-mais-um porque largaram o colégio no segundo ano, depois de um ter repetido duas vezes e o outro uma.
Ainda assim, seu pai olha pra você deixando a entender com o olhar que você não vale nada, que enquanto você não bater de frente com ele não haverá respeito por você e que abaixar a cabeça sempre foi a única coisa que ele não queria que você fizesse, mesmo depois de ter te ensinado por anos que os pais sempre têm razão e você nunca provará o contrário. Porque você é incapaz de tomar uma decisão correta.
E depois de estar convencido que você é um inútil dentro de sua própria casa e que depois de batalhar por tanto tempo pra ter o orgulho do seu pai, você olha pra trás e vê que o que conseguiu é muito maior do que isso. Seu cargo de qualquer coisa bem sucedido, sua casa, sua família que te ama, esposa e filhos, sua vida inteira que é um sucesso e quem não enxerga isso é o seu pai. Aquele mato seco e desbotado que definha enquanto você cresce.
Agora que você é pai, você percebe que pai realmente sempre tem razão. Mas que por razão entende-se ser racional e não estar sempre certo. E você, como bom pai que é, é racional e entende tudo. Não guarda mágoas do passado e, sempre que vê seu pai, o beija na mão e pede a benção. Agradece por tudo o que ele permitiu que sua vida fosse e vai-se embora com um sorriso no rosto. Porque nada disso importa mais. O que importa agora é cuidar do seu filho e de si mesmo, para que você não seja como seu pai e seu filho não seja como você. Para que a vida não seja dura demais com nenhum dos dois.
Ao tédio com carinho
Vou à sala, é tudo tão calmo
Tomo um café feito por mim
E antes de tentar falar, me calo
Ela está lá, sempre tão perto
De mãos dadas ao silêncio
Não me preocupo em encontrá-la
Ela está só, não sabe o que penso
Ele também, só observando
De minhas entranhas se consumindo
Aos céus olhando e pra ele gritando
Eu, como um animal, busco abrigo
Ela é a falta, que eu sempre sinto
Ele é o tédio, comigo brincando
Os dois juntos são minha sina
Nas férias de verão, de fim de ano
Dedico então a eles a rima
Na falta melho do que oferecer
Ficou uma bosta, eu sei eu sei
Mas por hoje é o melhor que posso fazer
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
...
Não sei porque raios resolvi colocar o celular pra despertar as 10 da madrugada hoje sendo que fui dormir as 4 da matina. Tudo bem que eu fico bêbado de sono às altas horas da madrugada, mas esta "beudisse" nunca cometi. É auto-flagelação querer me acordar com menos de 8 horas de sono.
Bom, de qualquer forma acordei e não consegui mais dormir. A família, italianos tradicionais, já falava pelos cotovelos no andar de baixo da casa. Impossível dormir com eles falando porque, como bom descendente que sou, ouvindo a família falando tenho vontade de falar também.
Desci. Tomei meu café ouvindo meus avós, chegando de viagem pra passar o Natal em casa, me bajularem e meus pais a me xingarem. Normal. O bom e velho natal chegando em casa. Já estava com saudades. Conversei muito com meus avós. Ouvi as mesmas piadas de sempre do meu avô e as anedotas obcenas da minha avó. Incrível como até um palavrão sai bonitinho da boca daquela velhinha loira de olhos claros. Às vezes lamento por ter nascido pardo de olhos pretos, mas qual seria a graça?
Pra você que está lendo este texto, isso tudo pode parecer muito chato, mas fazia tempo que não tinha um dia desses. Uma conversa com meu avô, uma risada com a minha avó. Por mais superficial que pareça, os elogios que sempre ouço deles são os que mais me importam. Quando minha avó me diz que sou lindo eu consigo até acreditar. Quando meu vô me diz que vou ser o melhor engenheiro do mundo eu até esqueço os meus 19 (ou mais) paus na faculdade.
Vou dormir tranquilo esta noite, livre do mal humor enfim. Praticamente no colo de quem me criou a beijos e abraços, me protegeu das broncas dos meus pais e me deu os melhores presentes mesmo nas piores condições financeiras.
Está triste porque entrou aqui pra ver se tinha um bom texto pra passar o tempo? Não fique. Tente imaginar um tempo como este com a sua família ou com quem você gosta. Talvez faça sentido. Talvez não.
Apenas "esteje feliz".
sábado, 19 de dezembro de 2009
Seus pés No chão
Seus pés
Vai... Vai embora. Vai dormir com outra pessoa. Vai como se não soubesse meu nome e como se eu não merecesse saber o seu. Vai embora sem me olhar nos olhos. Vai sentir o corpo de outra pessoa. Beijar outra boca. Dizer eu te amo.
E de repente nada mais valeu a pena e você decidiu que o mundo acabou. O mundo simplesmente acabou e não restou mais nada. Nem o chão, nem a areia, nem o pó do nosso caso. Dos nossos corpos, dos nossos olhos, das palavras ditas e das que não tiveram tempo de ser faladas. Mas tudo bem. Vá, sem demora. O que restará aqui são os momentos de um tempo em que a vida era sépia como um filme antigo, com uma música de gravador velho tocando ao fundo. Talvez seja isso. A música do gravador velho. Por mais bonita que fosse, sempre tinha aquele ruído irritante ao fundo que insistíamos em não ouvir, ou ignorar. Dando espaço para as letras que embalavam nossas noites e aqueciam nossos corpos. Mas ele ainda estava lá, o ruído. Ignorando o suor e agitando a alma, crescendo, vibrando, virando sirene dentro de nós. Ensurdecendo os sentimentos e virando o quê? Briga. Mais uma briga sem sentindo. Mais um movimento que te incomoda e te distancia mais. Eu te amando perdidamente e você preocupada apenas que eu tirasse os sapatos pra pisar no tapete.
Não podia ser outra coisa além de outro, e quando você deu pra reclamar da forma que eu falava, do meu romantismo barato que te tirava os pés do chão, lá atrás na vida sépia, quando o ruído ainda não incomodava, aí sim eu tive certeza e vi. Eu vi, dentro de mim, outro, dentro de você. Não! Não negue! Apenas vá embora. Vá e leve contigo todo o amor que eu pude te dar. Pra te manter com os pés no chão sempre que se lembrar de nós e não cometer os mesmos erros, assim como eu o farei. Porque agora não ouço mais o ruído. Só a doce música dos teus passos destruindo, um a um, o pouco que restava de você aqui. Vai! Mas vá com os pés no chão para eu ouvir ao longe que você se foi.
(Filippe Cosenza)
um pé no chão
eu só queria um pé no chão
e você me arrancou os dois
com tamanha força e aspereza
que que tem na cabeça que te deixa com as ventas quentes?
que que traz da rua, que te enche a cara, que te afoga em que mágoas?
que pragas que te atormentam, que poça que pisa com tanta fúria?
e vem com esses pés de lama
com essa cara molhada
que chuva que te chove o dia inteiro
e te lava a bondade
e só fica o veneno
um pé no chão
eu só queria um pé no chão
e você me arrasta dois tão facilmente
que mãe te colocou na rua pra esbarrar na minha passada?
que peito maldito e atrativo te colou no corpo?
te travei os dentes?
que unhas ainda estão nas suas costas?
que faro é esse que sente?
que gozo é esse que não deixa ir embora?
eu nunca quis pregos
nem mordaças nem corrente
nem assim tão libertina afinal eu só pedia
um pé no chão
um que fosse ou que fosse mesmo a mão
só queria que uma parte qualquer
que fosse minha
e que quisesse
uma parte ao menos forte o bastante
pra te querer não te ter
e te ver sozinho
(Wilker Aziz)
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Pe. Agostinho
-Ai minha nossinhora!
Toda a cidade ficou comovida. No mesmo dia, trataram de embalar o corpo em caixão de vidro, pra passagem ser mais fácil talvez, e montaram o padre no caminhão.
À frente, o caminhão dos bombeiros tratando de avisar toda a cidade que estava passando. Buzinava sem parar, parecia até que tinha incêndio em algum lugar. Atrás, carros e ônibus lotados fazendo passeata.
-O que é isso que tá acontecendo?
-Foi o padre que morreu.
-Que padre?
-O padre Agostinho.
-Ah! Pensei que fosse incêndio.
Na ordem então estavam: os bombeiros, o corpo virado pro céu em seu caixão de vidro em cima do caminhão rodeado de bexigas amarelas e brancas - e não estamos falando do padre baloeiro - e por fim, os carros da passeata com os fiéis fazendo festa para o homem santo.
Por onde passava era a mesma coisa, os bombeiros a buzinar, os fiéis a gritar e o morto a continuar morto sem saber da festa que se passava ao redor, tudo para ele que ficou ali, a tarde inteira, sendo exibido a toda a cidade em seu caixão de vidro (blindado?) pra que todos pudessem ver o velho mesmo que não quisessem.
-Mamãe, o que é aquilo?
-É o padre.
-Ah.
...
-Mamãe, por que é que o padre tá dentro do vidro?
-Ele está dormindo filho.
-Mas com esse sol na cara dele? Como? Por que tiraram ele de casa e tão andando com ele por ai?
-Bom filho. Ele está dormindo pra sempre. Foi encontrar papai do céu.
-Uaaai. E precisava ficar andando com ele por ai assim? Desce jeito ele vai acordar com essa barulheira todo e esse sol na cara e nem vai conseguir falar com papai do céu direito.
-Filho, ele está morto, entendeu? Não vai acordar.
...
-Mamãe?
-O quê?
-Posso dormir no seu quarto esta noite?
O corpo seguiu viagem até chegar ao cemitério - que fica ao lado da igreja, mas só Deus, O próprio, saberia dizer porque andaram pela cidade inteira para voltar ali naquele ritual tão morbido de sepultura. O que impora no final das contas é que o padre chegou ao seu destino moreno, depois de tantos anos sem quase sair de dentro do monastério, não resistiu ao sol e pegou cor.
-Esse é o padre Agostinho?
-Claro, foi ao enterro dele que viemos, não foi Maria?
-Mas assim, pretinho?
-É ele mesmo, mulher. Agora fica quieta.
-Mas não to entendendo amiga. Ele não era pretinho assim na missa não.
-Deve ter ido à praia antes de morrer, Maria. Não ta vendo... O Homi deve ter mandado um aviso pra ele lá de cima que a vida dele ia acabar ai ele foi pra praia passar os últimos dias.
-Ele devia ter ido é arrumar uma mulher, depois de tantos anos na santidade e com aviso prévio ainda, não tinha mais como ir pro outro lado, podia aproveitar o último dia como quisesse o coitado, ele merecia... Um homi tão santo.
-Afe! Maria!
-Cheia de graça, senhor é convosco...
domingo, 6 de dezembro de 2009
Exatas
-Amor. Quero você de volta.
-Não. Acabou.
-Mas...
-Sem "mas". Eu e você não existimos mais juntos.
-Mas nós somos perfeitos um para o outro. Formamos um belo casal, nós dois.
-Tenho certeza que você vai encontrar alguém. Eu já encontrei.
-Espera. Você...
-Não. Foi logo que terminamos. Quer dizer... Um pouco antes, mas tanto faz, já estava uma merda mesmo.
-Quer dizer que nós dois eramos três no final?
-Tecnicamente.
-Tecnicamente? Existe outra forma de ver isso?
-Tecnicamente eu já estava ausente no final, então era apenas você. Nós dois éramos, na verdade, só você. E eu era eu e Alfredo.
-Alfredo?
-Sim. Alfredo.
-Aquele do mercadinho?
-O próprio.
-Não acredito.
-Qual o problema?
-Você está me dizendo que nós dois eramos três, ou melhor, um mais dois à parte, e o terceiro é o Alfredo?
-Ai! Sei lá. Qual o problema afinal?
-O Alfredo não sabe nem fazer conta, menos ainda fazer parte dessa nossa... nossa... matemática. Sei lá.
-Homem, esquece esta história. Não existe matemática. Não existe "nossa". Não existe mais eu e voce. Só eu e o Alfredo. Entendeu?
-Isso é complicado demais pra mim. Eu não te entendo.
-Não tem o que entender. No fundo, você só esta olhando pelo lado errado. Este não é um problema de matemática, mas sim de outra ciência.
-Que ciência, mulher?
-Química, meu caro. É uma questão de química.
Vai entender.
sábado, 5 de dezembro de 2009
Poucas palavras
É claro que algumas dessas vidas fracassaram, foram criticadas, mal interpretadas ou jamás entendidas, mas não se pode negar que foram vidas. Tiveram começo, meio e fim, mesmo que do todo conheçamos apenas uma parte.
Talvez pelo rancor ou pelas emoções sempre tão afloradas, escrevia bem e muito. Nem as drogas, nem o amor foram responsáveis por isso exatamente. Pode-se dizer que ajudaram, sim, mas já estava tudo ali, naquele poço, naquela ilha. Só serviram de verdade na catálise do processo. Processo químico, físico, matemático e principalmente português (a lingua) que permitiu ser o o que foi.
Depois, com um desfecho trágico, como sempre escreveu, mas provavelmente nunca preveu, um fim aidético lhe propôs um sentimento diferente. O ódio, a raiva, o medo e enfim a aceitação. E surgiu um novo ser. Uma nova linguagem. Uma nova escrita. Seria também uma nova vida se não fosse, na verdade, a morte. E assim foi. Morreu.
Deram então pra dizer depois disso que aquele que sofre demais, sofre as dores de Caio. Não as dores físicas, mas as psicológicas, psicóticas, neuróticas ou a neura que escolher. Bobagem demais. No fundo, foi só um homem que viveu como todos os outros, com a diferença de que soube se expressar.
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Perfumes
Os sapatos sujos dos homens limpos e cheirando a sabonete de camomila.
Patético. Andam feito máquinas pretas e brancas com grandes guarda-chuvas abertos protegendo suas pobres cabecinhas da água podre que o dia evaporou, dos esgotos sujos transbordando os excrementos da humanindade.
Que bela vista, um bueiro aberto e emanando odores esmerdeados e quase coloridos de tão podres. Antes tivessem cor e pelo menos teríamos a chance de desviar, mas não. Adentram nossas narinas como um estúpro, uma invasão de minhas entranhas e no final, é tudo a mesma coisa. É tudo a mesma merda.
É o meu produto que vai parar naquele bueiro. É o produto daquele bueiro que vem parar em mim. Gruda feito mel na pele cheirando camomila. No final, camomila e bosta para toda a cidade.
E assim se segue a rotina. Do meu cu, pro mundo e do cu do mundo, pra mim. É um perfume francês.